Qual peregrino de luz, o magnificente Sol da alma humana vagueia, cativo de um rumo fadado pela harmonia cósmica, pela excelsa abóbada celeste da vida, até alcançar, no apogeu da teosofia de seu esplendor, o etéreo santuário da paz eterna, edificado pela imortalidade do espírito sobre as nuvens elísias da sus extinção terrena. Franquear as portas do Ocidente, eterna pátria de luz, onde os justos, despojados da sua mortalidade, celebravam o rito da felicidade intemporal, constituía, no Antigo Egipto, o expoente máximo da terrena peregrinação pela beatífica vereda da rectidão espiritual.
Saciados os céus da alma humana na tempestade do viver, eterno festival de paixões em chama, onde, entre a sumptuosidade de um banquete de relâmpagos se brindava à luz da verdade, o corpo, lavado do seu sentir pela chuva da morte, era então convertido em múmia, para que, no fausto de um funeral destinado a contar a natureza eternal do espírito, este vosso sepultado de forma honrosa. Um surpreendente halo de festividade nimbava os funerais, quão clímax da existência, em torno do qual o pensamento dos Egípcios orbitava, entre um rol imensurável de preparativos e economias. Inebriados com promessas de imortalidade, apressavam-se a erguer e ornamentar túmulos, a adquirir os vitais caixões, seguidos de sumptuosas imitações de componentes do seu quotidiano, que o defunto desejava que o acompanhassem na sua derradeira viagem. Na realidade, esta ideologia era alimentada por uma fracção do produto nacional bruto, que, num ápice, desvanecia-se, entre as mãos de um conjunto económico, encarregue de ocupar-se da fabricação de determinados arranjos funerários. A oeste das cidades egípcias, palco da extinção do fulgor solar, estende-se a imensidão da orla do deserto, sobre a qual foram, imponentemente, erigidas as sagradas necrópoles, sublimes complexos funerários. Desta forma, perto de Mênfis, saúdam-nos Saqqara, Guiza, Abusir, entre inúmeros outros.
Por seu turno, Tebas entregou a sua necrópole à margem ocidental do Nilo, eterna residência de Meretseger, deusa do Ocidente, cujo nome significa “Aquela que ama o silêncio” e que, na realidade, se tornou na perpétua vigilante do deus- chacal Anúbis. Ultimados setenta dias nas moradias dos embalsamadores, o corpo já mumificado é enfim depositado num caixão aberto, faustosamente recamado, que se coloca, de seguida, sobre um carro de arrasto, puxado por uma junta de bois ao longo de todo o soberbo cortejo fúnebre. Precedendo-o, eleva-se a fragrância dos incenso espalhados pelos sacerdotes e os lamentos lancinantes das carpideiras ( elementos vitais num funeral, mas, que, dado o seu elevado custo, eram apenas acessíveis aos mais abastados), que caminham com os cabelos despenteados e os bustos nus; fulguram as jóias, móveis, vestes, cofres e cosméticos, transportados por escravos até à derradeira morada do morto; e escutam-se os passos lentos da família e dos amigos. Uma tempestade de lamentos sacia, num banquete de relâmpagos de dor e trovões de gritados pelo sofrimento, a sacra Natureza espiritual do defunto. Num eterno brinde à saudade, realizado que as lágrimas vertidas pelos céus de seus olhares, as carpideiras recitam fórmulas harmoniosas, que, quais estrelas guias, conduziriam a alma dos entes queridos até ao fecundo paraíso do Além. De facto, estas mulheres, cantoras da deusa Háthor, desfrutavam de um diversificado leque de textos e cânticos, nos quais era evocado o deserto de intempéries que o espírito nómada do defunto teria de atravessar, para alcançar o sublime oásis da regeneração, onde a sua sede de vida seria por fim saciada.
Saciados os céus da alma humana na tempestade do viver, eterno festival de paixões em chama, onde, entre a sumptuosidade de um banquete de relâmpagos se brindava à luz da verdade, o corpo, lavado do seu sentir pela chuva da morte, era então convertido em múmia, para que, no fausto de um funeral destinado a contar a natureza eternal do espírito, este vosso sepultado de forma honrosa. Um surpreendente halo de festividade nimbava os funerais, quão clímax da existência, em torno do qual o pensamento dos Egípcios orbitava, entre um rol imensurável de preparativos e economias. Inebriados com promessas de imortalidade, apressavam-se a erguer e ornamentar túmulos, a adquirir os vitais caixões, seguidos de sumptuosas imitações de componentes do seu quotidiano, que o defunto desejava que o acompanhassem na sua derradeira viagem. Na realidade, esta ideologia era alimentada por uma fracção do produto nacional bruto, que, num ápice, desvanecia-se, entre as mãos de um conjunto económico, encarregue de ocupar-se da fabricação de determinados arranjos funerários. A oeste das cidades egípcias, palco da extinção do fulgor solar, estende-se a imensidão da orla do deserto, sobre a qual foram, imponentemente, erigidas as sagradas necrópoles, sublimes complexos funerários. Desta forma, perto de Mênfis, saúdam-nos Saqqara, Guiza, Abusir, entre inúmeros outros.
Por seu turno, Tebas entregou a sua necrópole à margem ocidental do Nilo, eterna residência de Meretseger, deusa do Ocidente, cujo nome significa “Aquela que ama o silêncio” e que, na realidade, se tornou na perpétua vigilante do deus- chacal Anúbis. Ultimados setenta dias nas moradias dos embalsamadores, o corpo já mumificado é enfim depositado num caixão aberto, faustosamente recamado, que se coloca, de seguida, sobre um carro de arrasto, puxado por uma junta de bois ao longo de todo o soberbo cortejo fúnebre. Precedendo-o, eleva-se a fragrância dos incenso espalhados pelos sacerdotes e os lamentos lancinantes das carpideiras ( elementos vitais num funeral, mas, que, dado o seu elevado custo, eram apenas acessíveis aos mais abastados), que caminham com os cabelos despenteados e os bustos nus; fulguram as jóias, móveis, vestes, cofres e cosméticos, transportados por escravos até à derradeira morada do morto; e escutam-se os passos lentos da família e dos amigos. Uma tempestade de lamentos sacia, num banquete de relâmpagos de dor e trovões de gritados pelo sofrimento, a sacra Natureza espiritual do defunto. Num eterno brinde à saudade, realizado que as lágrimas vertidas pelos céus de seus olhares, as carpideiras recitam fórmulas harmoniosas, que, quais estrelas guias, conduziriam a alma dos entes queridos até ao fecundo paraíso do Além. De facto, estas mulheres, cantoras da deusa Háthor, desfrutavam de um diversificado leque de textos e cânticos, nos quais era evocado o deserto de intempéries que o espírito nómada do defunto teria de atravessar, para alcançar o sublime oásis da regeneração, onde a sua sede de vida seria por fim saciada.
Às duas carpideiras primordiais, concede-se o epíteto de “djeryt”, isto é, “milhafres fêmea”, incarnando assim as aves de rapina que velavam pelo sarcófago. As suas etéreas silhuetas inebriam, adornam e purificam igualmente a barca sagrada que permite ao ataúde alcançar as acolhedoras margens do éden dos juntos. Estas duas aves não são senão poema de luz inspirado por Ísis, “a grande carpideira” e Néftis, “a pequena carpideira”. Qual jardim de constelações, semeado no cosmos da sublimidade, Néftis não desabrochava para o conhecimento, quando privada da Primavera de luz, incarnada por sua irmã. Juntas, inebriavam o Infinito com o perfume de harmonia fraternal que se desprendia das rosas de estrelas florescidas da sua união. Pertencente à última geração celestial da famigerada enéade de Heliópolis, Néftis é fruto colhido do paraíso de amor sonhado pela fusão do céu, Nut, e da terra, Geb. Embora o sagrado ourives do matrimónio tenha entretecido o seu destino ao de Seth, seu irmão, foi Osíris, divino esposo de Ísis, quem a convidou a saciar a sua sede no cálice de uma outra vida, ao oferecer-lhe um filho: o deus chacal Anúbis. Numa complementaridade cobiçada pela terra e pelo céu, Ísis é mãe de Hórus, enquanto que Néftis se revela sua ama, tal como sugere o seguinte texto: “Ele é Hórus. Sua mãe, Ísis deu-o à luz, ao passo que Néftis embalou-o”. Personificando o eterno jogo de luzes e sombras perpetrado pelo dia e pela noite, Ísis incarna o nascimento e a luz, enquanto que, num contraste alucinante, Néftis estigmatiza o exício e a penumbra, materializando nesta excelsa fusão toda a magia dispersa pelo Universo.
Por oposição a sua irmã, cujo culto era celebrado em diversos templos, disseminados um pouco por todo o país, Néftis não era venerada de forma isolada, privando-se assim de uma existência autónoma, facto que justificava a sua constante aparição ao lado de Ísis. A sua associação ao culto dos mortos aflorou do mito osírico, no decorrer do qual a sua presença é incontornável. Este, tal como referido anteriormente, relata que, após o assassinato e desmembramento de Osíris, as duas irmãs unem-se para recolher todos os pedaços do corpo do defunto, num ritual álgido, ritmado por lamentações vestidas de lágrimas, saudade e dor. Coroada de sucesso a diligência a que se haviam proposto, Ísis e Néftis entrelaçam os acordes de sua voz numa melopeia plangente, ornada de comoção: “Graças a nós olvidaste a mágoa. Nós reunimos teus membros e velámos por teu corpo. Vem ao nosso encontro para que o teu inimigo seja esquecido. Regressa sob a forma que detinhas na terra. Exonera a tua ira e concede-nos a tua clemência, Senhor. Retoma a herança do País Duplo (Egipto), tu, o deus único, cujos desígnios revelam-se benéficos para as divindades. Retorna, pois, sem receios, à tua morada!” A iluminada semente de luz depositada pelo amor de Ísis e pela compaixão de Néftis, no éden do horizonte, desponta por fim sob a forma da flor da aurora, cuja beleza orvalhada de feitiços de paixão anuncia ao céu a ressurreição de Osíris, restituindo o seu trono de turquesas ao Sol da vida eterna. Numa flagrante analogia deste magnificente episódio da mitologia egípcia, Néftis e sua irmã são incumbidas de velar pelo morto, no insondável enigma do Além. Por conseguinte, esta primeira era representada na cabeceira dos sarcófagos reais do Império Novo, enquanto que, por seu turno, Ísis surgia aos pés do mesmo, da mesma forma que não raras vezes eram evocadas em cenas do julgamento dos mortos. É função das duas deusas serem efígie do barco que transportará o defunto na sua derradeira viagem até ao país da luz. De igual modo, e juntamente com Selkis e Neit, oferecem a sua protecção aos vasos canópicos, onde as vísceras do falecido eram conservadas.
Por oposição a sua irmã, cujo culto era celebrado em diversos templos, disseminados um pouco por todo o país, Néftis não era venerada de forma isolada, privando-se assim de uma existência autónoma, facto que justificava a sua constante aparição ao lado de Ísis. A sua associação ao culto dos mortos aflorou do mito osírico, no decorrer do qual a sua presença é incontornável. Este, tal como referido anteriormente, relata que, após o assassinato e desmembramento de Osíris, as duas irmãs unem-se para recolher todos os pedaços do corpo do defunto, num ritual álgido, ritmado por lamentações vestidas de lágrimas, saudade e dor. Coroada de sucesso a diligência a que se haviam proposto, Ísis e Néftis entrelaçam os acordes de sua voz numa melopeia plangente, ornada de comoção: “Graças a nós olvidaste a mágoa. Nós reunimos teus membros e velámos por teu corpo. Vem ao nosso encontro para que o teu inimigo seja esquecido. Regressa sob a forma que detinhas na terra. Exonera a tua ira e concede-nos a tua clemência, Senhor. Retoma a herança do País Duplo (Egipto), tu, o deus único, cujos desígnios revelam-se benéficos para as divindades. Retorna, pois, sem receios, à tua morada!” A iluminada semente de luz depositada pelo amor de Ísis e pela compaixão de Néftis, no éden do horizonte, desponta por fim sob a forma da flor da aurora, cuja beleza orvalhada de feitiços de paixão anuncia ao céu a ressurreição de Osíris, restituindo o seu trono de turquesas ao Sol da vida eterna. Numa flagrante analogia deste magnificente episódio da mitologia egípcia, Néftis e sua irmã são incumbidas de velar pelo morto, no insondável enigma do Além. Por conseguinte, esta primeira era representada na cabeceira dos sarcófagos reais do Império Novo, enquanto que, por seu turno, Ísis surgia aos pés do mesmo, da mesma forma que não raras vezes eram evocadas em cenas do julgamento dos mortos. É função das duas deusas serem efígie do barco que transportará o defunto na sua derradeira viagem até ao país da luz. De igual modo, e juntamente com Selkis e Neit, oferecem a sua protecção aos vasos canópicos, onde as vísceras do falecido eram conservadas.
Néftis, ou em egípcio Nebhwt, ou seja, “A Senhora da Casa”, era retractada como uma mulher, cuja cabeça se encontrava adornada com um toucado formado por dois símbolos hieroglíficos, destinados a representar o seu nome, isto é, “neb”, o cesto, e “hwt”, a planta da casa. Esta deusa foi igualmente associada ao deus babuíno Hapi e, na Época Baixa, à deusa Anuket, tendo com ela sido adorada em Kom Mer, no Alto Egipto. Egípcias como Ny-Anq-Háthor isto é, “Aquela que pertence à vida, Háthor” abraçavam a prerrogativa de incarnarem as duas deusas irmãs, recitavam as lamentações proferidas por Ísis e Néftis num ritual que restituíra a vida a Osíris. Na festa das carpideiras, cânticos e músicas inebriavam os sentidos, preludiando o renascer do deus assassinado. Convertida a essência humana em essência divina, pela transfiguração de todos os defuntos em Osíris, as carpideiras suplicavam a ressurreição espiritual do morto, ao longo de todo o cortejo fúnebre. As cenas representativas dos mesmos são uma constante nas paredes dos túmulos de personagens tão proeminentes, como é o caso de Ramsés, que legou à eternidade os lamentos embebidos em lágrimas e impregnados de um desespero ensaiado, que as carpideiras proferiam, entusiasticamente.
Quando por fim se achava diante do túmulo, a múmia é então retirada do seu caixão e suspensa nos braços de um sacerdote embalsamador, cujo semblante mantém-se oculto por uma máscara de Anúbis. O incenso queimado por um outro sacerdote, em geral no limiar da sua carreira e, geralmente, filho do morto, entrelaça-se com as fórmulas mágicas proferidas, solenemente, por um seu homólogo. Seguidamente, dá-se a cerimónia da “Abertura da Boca”, realizada com o fim de conceder, uma vez mais, àquele que faleceu o dom do Verbo, da visão, da audição e do olfacto, de forma a permitir-lhe saborear as dádivas alimentares, deixadas no túmulo. Findo este ritual, o morto acha-se reanimado, num processo que pode, muitas vezes, prolongar-se por vários dias. Entre despedidas, o corpo do morto é, uma vez mais, restituído ao repouso do seu caixão, sendo rodeado por tudo o que podesse vir a ser-lhe necessário no Além. Deste modo, com o fito de impedir que os egípcios abastados necessitassem de entregar-se a qualquer tarefa laboral (nomeadamente, lavrar, ceifar ou bater trigo, entre outros árduos trabalhos), colocavam-se no seu túmulo pequenas figuras de madeira representando os servidores de diversos corpos de ofício e os animais domésticos, além de réplicas em miniatura de casas e barcos. Por seu turno, os príncipes ou outras distintas personagens eram enaltecidas com um inexaurível exército de pequenas estatuetas de madeira, concebendo-se assim algo similar a um mundo artificial. Porém, em meados do segundo milénio antes de Cristo, este hábito de dispor no túmulo figurinhas representando servidores foi substituído pelo costume de colocar na derradeira morada do defunto uma sósia em miniatura deste, representada, habitualmente, em forma de múmia e colocada sobre uma caixa de menores proporções. Esta sósia esculpida, geralmente, em argila, madeira ou metal, achava-se incumbida da tarefa de efectuar, no reino dos mortos, o trabalho correspondente ao defunto.
Quando por fim se achava diante do túmulo, a múmia é então retirada do seu caixão e suspensa nos braços de um sacerdote embalsamador, cujo semblante mantém-se oculto por uma máscara de Anúbis. O incenso queimado por um outro sacerdote, em geral no limiar da sua carreira e, geralmente, filho do morto, entrelaça-se com as fórmulas mágicas proferidas, solenemente, por um seu homólogo. Seguidamente, dá-se a cerimónia da “Abertura da Boca”, realizada com o fim de conceder, uma vez mais, àquele que faleceu o dom do Verbo, da visão, da audição e do olfacto, de forma a permitir-lhe saborear as dádivas alimentares, deixadas no túmulo. Findo este ritual, o morto acha-se reanimado, num processo que pode, muitas vezes, prolongar-se por vários dias. Entre despedidas, o corpo do morto é, uma vez mais, restituído ao repouso do seu caixão, sendo rodeado por tudo o que podesse vir a ser-lhe necessário no Além. Deste modo, com o fito de impedir que os egípcios abastados necessitassem de entregar-se a qualquer tarefa laboral (nomeadamente, lavrar, ceifar ou bater trigo, entre outros árduos trabalhos), colocavam-se no seu túmulo pequenas figuras de madeira representando os servidores de diversos corpos de ofício e os animais domésticos, além de réplicas em miniatura de casas e barcos. Por seu turno, os príncipes ou outras distintas personagens eram enaltecidas com um inexaurível exército de pequenas estatuetas de madeira, concebendo-se assim algo similar a um mundo artificial. Porém, em meados do segundo milénio antes de Cristo, este hábito de dispor no túmulo figurinhas representando servidores foi substituído pelo costume de colocar na derradeira morada do defunto uma sósia em miniatura deste, representada, habitualmente, em forma de múmia e colocada sobre uma caixa de menores proporções. Esta sósia esculpida, geralmente, em argila, madeira ou metal, achava-se incumbida da tarefa de efectuar, no reino dos mortos, o trabalho correspondente ao defunto.
Na sua derradeira viagem, as crianças faziam-se acompanhar de seus brinquedos, geralmente, piões, bonecas articuladas, animais de brinquedo, entre outros. Porém, também os momentos mais sóbrios e conscenciosos eram recordados ao serem também depositados nos túmulos os seus cadernos em papiro ou ardósia, contendo exercícios de caligrafia, aritmética, etc.. As disparidades sociais e económicas estavam latentes na forma como os Antigos Egípcios eram sepultados, uma vez que em contraste com as prerrogativas concedidas aos mais abastados, que detinham a possibilidade de desfrutarem do seu último sono num túmulo ao abrigo dos chacais e outras feras do deserto, os mais humildes não possuíam recursos económicos que lhes permitissem mandar embalsamar o seu corpo. Consequentemente, os seus restos mortais jazem, isentos de um sarcófago, sob um metro de areia, onde acabam por ser dilacerados pelo tempo, que não lhe concederia o direito à imortalidade. Temendo a hedionda perspectiva de uma morte definitiva, os menos afortunados empregavam todas as suas forças no sentido de reunir uma determinada quantia que lhes permitisse realizar um funeral decente ou, pelo menos, para reservar um lugar nos inúmeros túmulos colectivos, que se encontravam escavados na rocha.
A tão desejada “Casa da Eternidade”, consistia numa tumba escavada na falésia, e que veio substituir as imponentes pirâmides e mastaba, onde o corpo permanecia oculto num poço funerário subterrâneo ou num local secreto, precedido por uma parte aberta, que permitia um acesso ao exterior: a capela, dotada de uma tela na qual se encontra inculcado o nome do defunto ou, eventualmente, a sua efígie e onde se ergue a mesa das oferendas. Paralelamente, é erigida uma porta fictícia (ponto de ligação entre o mundo dos mortos e o dos vivos), a qual o morto transpõe sempre que deseja usufruir das oferendas que lhe são levadas: pão, legumes, aves de capoeira e carne vermelha nos dias de festa. Concomitantemente, a sua alma desfruta do incenso que invade de prazer o seu olfacto e a sua sede é saciada pela salubridade da cerveja ou água fresca, que lhe deixam, regularmente, visto ele habitar na orla do deserto. Contudo, os longos períodos de caos ensinaram aos egípcios que até mesmo as dádivas “eternas” tornam-se efémeras, pelo que foram concebidas fórmulas, inscritas, mais tarde nas paredes, que permitiam ao morto desfrutar das oferendas, sempre que as pronunciasse. Assim, sobre inúmeras peças comemorativas, surge diversas vezes a seguinte prece: “Vós que viveis na terra e passais diante desta estela, indo e vindo, se ameis a vida e detestais a morte, dizei que há mil pães e mil potes de cerveja”.
A tão desejada “Casa da Eternidade”, consistia numa tumba escavada na falésia, e que veio substituir as imponentes pirâmides e mastaba, onde o corpo permanecia oculto num poço funerário subterrâneo ou num local secreto, precedido por uma parte aberta, que permitia um acesso ao exterior: a capela, dotada de uma tela na qual se encontra inculcado o nome do defunto ou, eventualmente, a sua efígie e onde se ergue a mesa das oferendas. Paralelamente, é erigida uma porta fictícia (ponto de ligação entre o mundo dos mortos e o dos vivos), a qual o morto transpõe sempre que deseja usufruir das oferendas que lhe são levadas: pão, legumes, aves de capoeira e carne vermelha nos dias de festa. Concomitantemente, a sua alma desfruta do incenso que invade de prazer o seu olfacto e a sua sede é saciada pela salubridade da cerveja ou água fresca, que lhe deixam, regularmente, visto ele habitar na orla do deserto. Contudo, os longos períodos de caos ensinaram aos egípcios que até mesmo as dádivas “eternas” tornam-se efémeras, pelo que foram concebidas fórmulas, inscritas, mais tarde nas paredes, que permitiam ao morto desfrutar das oferendas, sempre que as pronunciasse. Assim, sobre inúmeras peças comemorativas, surge diversas vezes a seguinte prece: “Vós que viveis na terra e passais diante desta estela, indo e vindo, se ameis a vida e detestais a morte, dizei que há mil pães e mil potes de cerveja”.
Detalhes e vocabulário egípcio:
Keres- caixão, ataúde.
Geb, deus da terra, era, habitualmente, venerado pelos demais como um deus benevolente, dado haver brotado do seu corpo a vegetação e a água. Porém, a morte tornava-o cruel e malévolo, por tomar no interior do seu corpo os cadáveres dos mais humildes.
Carpideira- mulher paga para chorar nos funerais.
Protecção dos vasos canópicos do defunto - Os quatros filhos de Hórus detém o título de “Senhores dos Pontos Cardeais, função que preservam enquanto protectores dos vasos canópicos, que permitem que cada víscera seja correctamente velada pela deusa tutelar, ou seja:
Sul: Deusa Ísis- mulher coroada com o símbolo usado na escrita de seu nome (trono de espaldar alto).
Amset- génio com cabeça de homem. Incumbência- protecção do fígado.
Norte: Deusa Néftis- mulher coroada com os signos empregues na escrita de seu nome, isto é, cesto e planta da casa.
Hapi- génio com cabeça de babuíno. Incumbência- protecção dos pulmões.
Este: Deusa Neit- mulher coroada com um emblema representativo de dois arcos juntos, no seu estojo.
Duamutef- génio com cabeça de chacal. Incumbência- protecção do estômago.
Oeste: Deusa Selkis- mulher coroada com a efígie de um escorpião ou, eventualmente, de uma larva encéfala.
Khebeh- Senuf- génio com cabeça de falcão. Incumbência- protecção dos intestinos.
Keres- caixão, ataúde.
Geb, deus da terra, era, habitualmente, venerado pelos demais como um deus benevolente, dado haver brotado do seu corpo a vegetação e a água. Porém, a morte tornava-o cruel e malévolo, por tomar no interior do seu corpo os cadáveres dos mais humildes.
Carpideira- mulher paga para chorar nos funerais.
Protecção dos vasos canópicos do defunto - Os quatros filhos de Hórus detém o título de “Senhores dos Pontos Cardeais, função que preservam enquanto protectores dos vasos canópicos, que permitem que cada víscera seja correctamente velada pela deusa tutelar, ou seja:
Sul: Deusa Ísis- mulher coroada com o símbolo usado na escrita de seu nome (trono de espaldar alto).
Amset- génio com cabeça de homem. Incumbência- protecção do fígado.
Norte: Deusa Néftis- mulher coroada com os signos empregues na escrita de seu nome, isto é, cesto e planta da casa.
Hapi- génio com cabeça de babuíno. Incumbência- protecção dos pulmões.
Este: Deusa Neit- mulher coroada com um emblema representativo de dois arcos juntos, no seu estojo.
Duamutef- génio com cabeça de chacal. Incumbência- protecção do estômago.
Oeste: Deusa Selkis- mulher coroada com a efígie de um escorpião ou, eventualmente, de uma larva encéfala.
Khebeh- Senuf- génio com cabeça de falcão. Incumbência- protecção dos intestinos.
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