Agamenon
Personagem histórica que a tradição cercou de lendas, Agamenon figura na Ilíada, de Homero, como um soldado valoroso, digno e austero. Agamenon, filho de Atreu e Aérope, foi rei de Micenas ou Argos no chamado período heróico da história grega. Ele e seu irmão Menelau esposaram as filhas do rei de Esparta, Clitemnestra e Helena.
Quando Páris, filho do rei de Tróia, raptou Helena, Agamenon recorreu aos príncipes da Grécia para formar uma expedição de vingança contra os troianos, o tema da Ilíada. No porto de Áulis (Áulide), sob a chefia suprema de Agamenon, reuniu-se uma frota de mais de mil navios com enorme exército. No momento de partir, porém, foram impedidos por uma calmaria. Isso se devia à interferência de Ártemis, deusa da caça, enfurecida por Agamenon ter abatido um cervo em um de seus bosques sagrados.
A deusa só se aplacaria com o sacrifício de Ifigênia, uma das filhas do violador. Durante o rito, Ártemis aplacou-se e substituiu-a por uma corça, mas levou Ifigênia consigo. A frota partiu e durante nove anos os gregos sitiaram Tróia, tendo sofrido pesadas baixas. No décimo ano, Agamenon despertou a cólera de Aquiles, rei dos mirmidões, ao tomar-lhe a escrava Briseida.
Aquiles retirou-se com seus soldados e, só quando os troianos mataram seu amigo Pátroclo, consentiu em voltar à luta, o que resultou na queda de Tróia. Cassandra, irmã de Páris que coube a Agamenon como presa de guerra, em vão alertou-o para não retornar à Grécia. Em sua ausência, Clitemnestra, inconformada com a perda da filha, tramara sua morte com o amante Egisto.
Quando o marido saía do banho, atirou-lhe um manto sobre a cabeça e Egisto assassinou-o. Ambos mataram também seus companheiros e Cassandra. Orestes, filho mais velho de Agamenon, com a ajuda da irmã, Electra, vingou o crime, matando a mãe e Egisto.
Os átridas, como eram chamados os integrantes da família de Agamenon, inspiraram grandes tragédias, desde a Grécia antiga (Ésquilo, a trilogia Oréstia; Sófocles, Electra; Eurípides, Electra) até os tempos contemporâneos (Eugene O'Neill, O luto assenta bem em Electra; Jean-Paul Sartre, As moscas).
Agamenon
A tragédia tem 1673 versos e constitui a primeira parte da Orestia, a famosa tetralogia de Ésquilo que recebeu o primeiro prêmio no concurso de458 a.C. em Atenas.No plano poético e dramático a Orestia constitui uma verdadeira sinfonia em três movimentos. R. Dreyfus
A Orestia era formada por uma trilogia trágica interligada, a única que chegou praticamente intacta aos nossos dias, e pelo Proteus, um drama satírico que se perdeu. A outras peças da trilogia são, pela ordem, As Coéforas e As Eumênides.
Argumento
Ao longo da trilogia, a lenda dos Átridas é relatada desde a morte de Agamêmnon até a absolvição de Orestes pela morte dos assassinos do pai. Agamêmnon, a primeira peça, conta a morte do rei logo depois da queda de Tróia.
Tendo retornado vitorioso a Argos (Micenas), Agamêmnon é recebido pela esposa, Clitemnestra, com falsas demonstrações de respeito e devoção; Cassandra, a princesa troiana cativa que o acompanhava, prevê a morte de ambos. Depois de entrar no palácio, com efeito, Cassandra é assassinada e Agamêmnon, morto à traição pela própria Clitemnestra, e com a ajuda de Egisto.
Personagens do drama
VIGIA: Um dos soldados de Argos (Micenas).
CORO: de velhos de Argos.
CLITEMNESTRA: Filha de Tíndaro, esposa de Agamêmnon, amante de Egisto.
ARAUTO: de Agamêmnon.
AGAMÊMNON: Filho de Atreu, marido de Clitemnestra, primo de Egisto, rei de Argos (Micenas).
CASSANDRA: Filha de Príamo, ex-princesa troiana, atualmente escrava de Agamêmnon.
EGISTO: Filho de Tiestes, primo de Agamêmnon, amante de Clitemnestra.
CORO: de velhos de Argos.
CLITEMNESTRA: Filha de Tíndaro, esposa de Agamêmnon, amante de Egisto.
ARAUTO: de Agamêmnon.
AGAMÊMNON: Filho de Atreu, marido de Clitemnestra, primo de Egisto, rei de Argos (Micenas).
CASSANDRA: Filha de Príamo, ex-princesa troiana, atualmente escrava de Agamêmnon.
EGISTO: Filho de Tiestes, primo de Agamêmnon, amante de Clitemnestra.
Mise en Scène
A cena se passa em Argos (Micenas), diante do palácio dos átridas.
O cenário era uma pintura colocada diante da cena, no fundo da orquestra, representando a entrada do palácio (frontão e duas colunas); a entrada, aberta, permitia a passagem dos atores que saíam do palácio e deixava entrever parte do seu interior. O vigia aparecia atrás do teto do "palácio", sobre uma plataforma escondida pela pintura; Agamêmnon e Cassandra entravam em cena trazidos por um carro.
O papel de Clitemnestra cabia ao protagonista, o de Cassandra ao deuteragonista e os de Agamêmnon e Egisto ao tritagonista; o arauto, sem dúvida, era representado pelo deuteragonista.
Agamenon e Menelau eram filhos de Atreu, o qual cometeu um terrível crime quando, numa briga familiar, serviu a seu próprio irmão Tiestes um prato preparado com membros dos próprios filhos deste. Este ato trouxe uma maldição sobre a casa de Atreu, e o destino que Agamenon encontrou no seu retorno de Tróia foi em parte uma retribuição pelo crime original de seu pai. Na ausência de Agamenon por dez anos de Micena, o governo ficou nas mãos de sua esposa Clitemnestra, auxiliada pelo seu amante Egisto, o único filho sobrevivente de Tiestes. Uma cadeia de luzes iluminou os céus transmitindo a notícia da grande vitória em Tróia para a Grécia; na ocasião que Agamenon chegou a seu palácio, os planos de Clitemnestra estavam bem adiantados.
Encontrou seu marido à entrada do palácio, insistiu que ele deveria caminhar sobre os tecidos de cor púrpura que tinha estendido para ele, numa entrada triunfal. Agamenon estava relutante em cometer tal ato de insolência e impiedade, mas acabou cedendo e selou assim sua sina. Seguindo-o para dentro do palácio, Clitemnestra o atacou enquanto estava indefeso tomando banho, primeiro envolvendo-o com uma rede, matando-o a seguir violentamente com um machado. Os motivos dela para tão brutal assassinato eram complexos, mas parece que não era tanto devido a sua reprovável paixão por Egisto e o desejo de vingar o malfeito a seu pai e irmãos, mas o seu próprio ódio por Agamenon a levou a fazê-lo. Agamenon tinha assassinado brutalmente o primeiro marido e os filhos de Clitemnestra ante os olhos dela; também tinha sacrificado a filha deles Ifigênia em Áulis. Ela desejava vingança.
A maldição de Atreu não morreu com Agamenon, pois ele e Clitemnestra tinham outros dois filhos, Orestes e Electra, dispostos a vingar a morte do pai. Orestes, quando ainda bebê, tinha sido enviado por sua irmã para fora de Micenas para a segurança de Fócida, para protegê-lo de sua traiçoeira mãe. Electra permaneceu em casa e foi maltratada por Clitemnestra e Egisto; de acordo com algumas versões da estória, a casaram com um camponês de modo que a descendência real terminasse em ignomínia. Quando se tornou adulto, Orestes retornou secretamente à casa, acompanhado de seu amigo Pílades.
Chegando à tumba de seu pai, depositou mechas de seu cabelo sobre o túmulo, que foram reconhecidos por Electra, que se aproximou para oferecer um sacrifício apaziguador em benefício de sua mãe; Clitemnestra tinha tido um sonho de mau augúrio, onde tinha dado à luz a uma serpente que tinha mamado em seu seio e sugado todo o seu sangue.
Orestes evidentemente viu isso como um auspício para si próprio, e após uma acirrada discussão sobre os horrores do matricídio, Electra convenceu Orestes a matar sua mãe e Egisto. Devido a este feito, ele foi tornado insano pelas Fúrias, que o perseguiram até que, num julgamento especial do Areópago Ateniense, foi absolvido com base em que assassinar a mãe é um crime menos grave do que um assassinato de um marido. Desta forma, a maldição da casa de Atreu terminou.
Agamenon
Nada restava de Tróia quando se fizeram os gregos à vela, de volta para sua pátria; nada, a não ser pedras tostadas pelo fogo enegrecidas pelo fumo e paredes derruídas. Estavam as naus carregadas de espólios e de prisioneiros.
De toda a raça de Príamo somente Heleno, de seus filhos, e Cassandra, de suas filhas, se salvaram com vida. Polixena tinha sido morta por Pirro, sobre o túmulo de seu pai Aquiles. O filho de Heitor (Astianax) tinha sido arrojado do alto do parapeito para se despedaçar no sopé rochoso da muralha da cidadela. Andrômaca, mãe do menino, foi levada por Pirro; Cassandra, por Agamenon.
Coube a Rainha Hécuba a Ulisses, a quem odiava mais que a qualquer outro ser humano. Em sua viagem de regresso desembarcou Ulisses no litoral da Trácia, aos cuidados de cujo rei, Polimnestror, ficara o pequeno filho de Príamo e Hécuba. Aquele rei traiçoeiro, entretanto, tinha matado o menino, e Hécuba chegou a tempo de ver o corpo de seu filho morto boiar ao sabor das ondas.
Precipitou-se então pelo palácio de Polimnestor adentro e o teria matado, não tivessem os guardas acorrido para defendê-lo. Expulsaram-na, e dizem alguns que, ao correr, transformou-se em cadela, precipitando-se nas águas do mar.
Pouco tempo depois desencadeou-se um temporal no qual se perderam muitas naves gregas. Fora a tempestade enviada por Atena, para destruir um homem chamado Ajax, que apelidaram de Locriano para o distinguir do filho de Telamon.
Durante o saque de Tróia, Ajax havia profanado o templo de Atena, e tão encolerizada ficara a deusa que pediu de empréstimo os raios de seu pai Zeus e os vendavais e tempestades de Posseidon, para aniquilar Ajax, o lócrio. Foi o navio em que este viajava atingido por um raio e reduzido a destroços, conseguindo porém Ajax alcançar a nado uma rocha que emergia da superfície do mar.
Soltou ele então uma gargalhada e, brandindo o punho fechado para o céu, gabou-se de se ter salvado apesar dos deuses. A este desafio respondeu Atena com seu poderio esmagador; um raio fulminou o rochedo, sendo Ajax tragado pelo mar enfurecido.
Ao longo da costa rochosa da grande ilha de Eubéia a tempestade açoitava e bramia, arrojando um barco depois do outro contra os perigosos arrecifes. Reinava na ilha o Rei Náuplio, pai de Palamedes; com cruel satisfação contemplava as naus se despedaçarem contra os escolhos, e ria-se porque se achava, assim, vingado do assassínio de seu filho.
Mandou acender fogos despistadores para atrair mais navios à sua perda, com promessas ilusórias de segurança; e esperava com ansiedade que a nau de Ulisses viesse espatifar-se contra os penedos. Ulisses, porém, afastou se daquela costa perigosa. Ficou Náuplio tão enraivecido de vê-lo escapar, que se atirou ao mar do alto de um penhasco. Tão entranhado era seu ódio pelos gregos que fizera tudo o que pudera para indispor contra eles os seus próprios parentes. Quando Idomeneu, o mais cavalheiresco de todos os guerreiros gregos, retornou para o seu reino na ilha de Creta, descobriu que o Rei Náuplio tinha atraído em prol de sua causa o amigo a quem Idomeneu confiara seu reino e sua mulher.
O nome deste homem era Leuco, e lhe tinha sido prometida a filha de Idomeneu, para se casarem quando terminasse a guerra de Tróia. Influenciado por Náuplio, ele tinha matado a mulher do rei e sua filha, apoderando-se do trono de Creta. Idomeneu foi exilado de seu país e viveu o resto de seus dias no desterro.
Tal era a beleza de Helena - e o poder de sua protetora, a deusa Afrodite - que, ao encontra-la em Tróia, sentiu Menelau sua antiga paixão renascer, perdoando-lhe o mal que tinha feito. Mas ele, também, foi colhido pela tempestade que causou a morte de Ajax; sua nau desgarrou-se, distanciando-se para o sul, naufragando nas costas do Egito. E foi por caminhos árduos e desviados que ele e Helena, afinal, voltaram para Esparta.
De todos os reis e chefes da expedição foi Agamenon o único que atingiu o continente grego facilmente e sem percalços. Fogueiras foram acendidas no alto das colinas para anunciar sua chegada, e mensageiros precederam-no no caminho de Micenas para noticiarem a sua vitória e a queda de Tróia. Agamenon contemplou com satisfação e orgulho as carradas de despojos aguardando transporte para Micenas, e pensava como lhe seria agradável passar o resto de seus dias pacificamente, na ociosidade e na segurança de seu lar, em companhia da esposa Clitemnestra e de seus filhos.
Cassandra, entretanto, implorava-lhe que não voltasse já para Micenas.
- Se for para lá, dizia-lhe ela, encontrará a morte às mãos de sua mulher.
Agamenon, porém, se contentava em rir do que ela dizia.
- Por que razão haveria minha, mulher de me querer matar? perguntou. Não volto eu para casa vitorioso? E não será ela a rainha mais rica e poderosa do mundo? Ouvindo isto, Cassandra baixou a cabeça, pois sabia, que suas profecias estavam fadadas ao descrédito, muito embora fossem verdadeiras.
Por menos que Agamenon o acreditasse, sua mulher Clitemnestra temia, realmente, o seu retorno. Não lhe perdoava a perda de sua amada Ifigênia e, à medida que seu ódio por Agamenon crescera, mais se aproximara de seu primo Egisto, que Agamenon nomeara regente do reino durante sua ausência. De Egisto tivera uma filha chamada Erígone. O receio do que faria Agamenon quando viesse a saber disto, assim como o ódio que tinha do marido, por causa da morte de Ifigênia, incitou em seu coração a resolução desesperada de eliminá-lo e fazer de Egisto seu esposo e Rei de Micenas. Concordou Egisto com este plano e foi ao encontro de Agamenon quando este desembarcou, viajando juntos para Micenas.
Conseguira Egisto atrair à sua causa muitos rapazes que não tinham tomado parte na guerra de Tróia por serem demasiado jovens. Organizou uma grande festa em honra de Agamenon, para a qual convidou todos os seus partidários. Quando, em meio da noite, a festa atingia o auge, estando todos sob os efeitos de abundantes libações, Egisto deu o sinal combinado.
No mesmo instante todos os jovens que se achavam na sala do festim arremessaram-se sobre os guerreiros recém-chegados, trucidando-os. Ergueu-se Clitemnestra de seu trono, onde estava sentada ao lado de Agamenon, matando com as próprias mãos o marido e Cassandra. Proclamou em seguida a Egisto seu senhor e Rei de Micenas, distribuindo uma parte do tesouro de Tróia entre os que participaram da chacina.
Pouco tempo depois casaram-se Clitemnestra e Egisto, aceitando Micenas pacificamente o novo reinado. Porém, todos sabiam que Orestes, filho de Agamenon, ainda estava vivo e que nunca se sentiriam seguros em seu trono o novo monarca e sua traiçoeira, rainha. Nas mãos de Orestes repousava agora o dever de vingar o assassínio de seu pai. Egisto teria eliminado também Orestes, não tivesse o menino sido escondido por sua irmã Electra e enviado para a Fócida, fora do alcance do seu cruel padrasto. Era a rainha da Fócida irmã de Agamenon e seu marido, o Rei Estrófio, concordou de bom grado em proteger e educar Orestes, até ele atingir a idade viril. Orestes foi, pois, educado na companhia de seu primo Pilades, que se tornou seu amigo certo e companheiro de todos os instantes; enquanto isto vivia Electra escondida em Micenas, à espera do dia em que fosse vingada a morte de seu adorado pai.
Desta maneira foi o conquistador de Tróia derrotado na hora do triunfo, e levado á morte pelo engodo e a traição. Mais um membro da raça de Pélops caía assim vitimado pela maldição do esquecido auriga Mirtilo.
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