segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO JAPÃO Período Kamakura

Período Kamakura
Minamoto no Yoritomo, fundador do shogunato Kamakura em 1192. Estabeleceu o primeiro regime militar em que os samurais governavam.
Em 1192, Minamoto no Yoritomo auto-proclamou-se shogun,[55] denominação que até então tinha sido apenas temporária, tornando-se um apelido de alto nível militar. Com isto se instituiu o shogunato enquanto figura permanente o qual duraria cerca de 700 anos até à restauração Meiji. Com o novo ideal shogun, o imperador converteu-se num mero espectador relativamente à situação política e económica do país,[52] enquanto que os samurais se tornaram efectivos.[55]
Yoritomo estabeleceu o povo costeiro de Kamakura como a principal sede do shogunato, tendo este período recebido este nome. A corte imperial concedeu a Yoritomo o poder de nomear os seus próprios vassalos de protectores provinciais (Jito) e mordomos (shugo), responsáveis pela gestão de propriedades privadas. Em paralelo, a corte imperial continuou elegendo funcionários provinciais assim como proprietários de imóveis enquanto administradores da respectiva terra. Posto isto, a estrutura política durante o período Kamakura apresentou uma dualidade, enquanto que a administração civil era patrocinada pela corte imperial, a administração feudal era patrocinada pelo shogunato.[56]
Após apenas três shoguns no clã Minamoto e depois da morte do último, o clã não possuía outros herdeiros. Hōjō Masako, viúva de Yoritomo, tomou então a decisão de adoptar uma criança de um ano de idade, descendente de uma família do clão Fujiwara e nomeou-o shogun.[57] Assim, o clã Hōjō se perpetuaria no poder por várias décadas, tendo elegido uma criança a shogun e descartando-o assim que cumprisse vinte anos de idade, aproveitando-se de um estado fantoche para exercer o controlo do país.[57] Por este motivo em 1219 o aposentado imperador Go-Toba que procurava restaurar o poder imperial que detinham antes do estabelecimento do shogunato, acusou os Hōjō de malfeitores. As tropas imperiais mobilizaram-se, dando lugar à guerra Jōkyū (1219-1221), a qual culminaria com a terceira batalha de Uji. Durante este conflito, as tropas imperiais foram derrotadas e o imperador Go-Toba exilado.[58] Com a derrota de Go-Toba, confirmou-se o governo dos samurais sobre o país.[58]

Invasões mongóis do Japão

Um samurai atacado por diversos arqueiros e explosivos lançados por catapultas durante as invasões dos mongóis contra o Japão.
Samurais atacam barcos mongóis durante a invasão de 1281.
Depois de Kublai Khan reclamar o título de imperador da China, este decidiu invadir o Japão com a finalidade de submeter o país ao seu domínio. Esta foi então a primeira oportunidade dos samurais de testarem as suas forças contra inimigos estrangeiros.[59]
A primeira invasão ocorreu em 1274, quando as tropas mongóis desembarcaram em Hakata (actual Fukuoka). Durante esta batalha as tropas japonesas enfrentaram uma técnica bastante diferente no uso do arco e flecha daquilo a que estavam acostumados. Os mongóis arremessavam flechas a grandes distâncias, gerando "nuvens de setas" enquanto que os arqueiros japoneses efectuavam um tiro único e de curta distância contra os oponentes. Outra grande diferença entre as duas formas de combate encontrava-se no uso de catapultas do exército mongol. Entretanto, durante a noite do dia da batalha, uma forte tempestade danificou significativamente a frota invasora, obrigando-os a regressar à Coreia para rearmar o seu exército.[60] Depois da retirada do exército inimigo, os japoneses tomaram uma série de medidas preventivas, como foi exemplo a construção de muros nos pontos mais vulneráveis da costa,[60] assim como o posicionamento de um guarda efectivo em cada um deles.
A segunda tentativa de invasão teve lugar em 1281.[61] Os samurais efectuaram ataques aos navios inimigos tais como a pequenas balsas que tinham uma capacidade limitada de transportar cerca de doze guerreiros,[62] isto com o propósito de impedir a desembarcação das tropas inimigas apear-se na costa. Após uma semana de combates, um emissário imperial foi enviado para solicitar a Amaterasu, a deusa do sol, que intercedesse pelo exército japonês.[61] Um tufão atingiu a frota mongol que a afundou quase por completo. Isso deu origem ao mito do Kamikaze (神風 lit. "Vento Divino"?),[59] considerado como um sinal de que o Japão teria sido escolhido pelos deuses e, portanto, estes seriam responsáveis pela sua segurança[63] e sobrevivência.[64] Os poucos sobreviventes mongóis decidiram aposentar-se, determinando a vitória do Japão.[61]

Restauração Kemmu

Estátua de Kusunoki Masashige em Tóquio, um samurai de suma importância nas guerras Nanbokuchō.
No início do século XIV o clã Hōjō, que se encontrava em decadência, enfrentou uma tentativa de restauração imperial, agora sob a figura do imperador Go-Daigo (1318-1339). Tendo então conhecimento de tais eventos políticos, o clã Hōjō enviou um exército de Kamakura, para impedir o sucesso do imperador. Frente à situação Go-Daigo fugiu para Kasagi, levando a regalia imperial com ele.[65] O imperador Go-Daigo procurou refugio por entre os monges guerreiros que o acolheram e se prepararam para um possível ataque inimigo.[65]
Após tentativas de negociação entre os Hōjō e o imperador para que este abdicasse do poder, e uma vez a sua recusa, decidiu-se então que outro membro da família imperial subisse ao trono. Contudo, visto que o imperador havia levado consigo a insígnia real, não foi possível realizar a tradicional cerimónia.[65] Kusunoki Masashige, um importante guerreiro samurai - que veio a tornar-se um modelo de referência para os futuros samurais da época - [66] combateu contra o imperador Go-Daigo num yamashiro (castelo japonês). No entanto, com a superioridade numérica do exército do imperador somada a vantagem da topografia do local, foi possível constituir uma eficaz defesa contra o ataque. Em 1332, o castelo desmoronou e Masashige decidiu retirar-se para dar continuidade à batalha no futuro. O imperador foi capturado e levado para a sede dos Hōjō localizada em Quioto, tendo sido mais tarde exilado nas ilhas Oki.
Construído um castelo em Chihaya, o qual possibilitava uma defesa superior comparada com o último, o exército liderado por Masashige foi atacado pelos Hōjō, contudo o clã foi imobilizado no ataque. A forte defesa de Masashige motivou o imperador Go-Daigo a retomar novamente a batalha em 1333.[67] Tomando conhecimento do retorno do imperador, os Hōjō decidiram enviar um dos seus principais generais, Ashikaga Takauji. Contudo Ashikaga decidiu aliar-se ao exército do imperador e definiu o lançar de um ataque juntamente com o exército ao quartel-general dos Hōjō em Rokuhara.[67]
A traição de Ashikaga trouxe graves consequências aos regentes, e o exército do general foi dizimado. Entretanto, golpe definitivo surgiu pouco depois[68] quando um guerreiro chamado Nitta Yoshisada, se uniu aos partidários imperiais, aumentando as suas forças. Nitta juntamente com o seu exército partiram para Kamakura e venceram os Hōjō.[69][70]

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