segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO JAPÃO - Samurai

Samurai

Samurai vestindo yoroi
Samurai ( samurai?) - era como soldado da aristocracia do Japão entre 1100 a 1867. Com a restauração Meiji a sua era, já em declínio, chegou ao fim. Suas principais características eram a grande disciplina, lealdade e sua grande habilidade com a katana.

Breve história dos samurais

Os Samurais existiram por quase 8 séculos (do VIII ao XV), ocupando o mais alto status social porquanto existiu o governo militar nipônico denominado xogunato. Pessoas treinadas desde pequenos para seguir o Bushido, o caminho do guerreiro.
O samurai era uma pessoa muito rígida moralmente, tanto que se seu nome fosse desonrado ele executaria o seppuku, pois em seu código de ética era preferível morrer com honra a viver sem a mesma.
Seppuku, suicídio honrado de um samurai em que usa uma tanto (faca) e com ela enfia no estômago e puxa-a para cima eviscerando-o. Uma morte dolorosa e honrada.
Inicialmente, os samurais eram apenas coletores de impostos e servidores civis do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses.
Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo "samurai", e este ganhou uma série de novas funções, como a militar. Nessa época, qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se no Kobudo (artes marciais samurais), manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até o xogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samurais passou a ser uma casta. Assim, o título de "samurai" começou a ser passado de pai para filho.
O samurai mais famoso de todos os tempos foi Miyamoto Musashi (15841645), um guerreiro que veio do campo, participou da batalha de Sekigahara e iniciou um longo caminho de aperfeiçoamento. Ele derrotou os Yoshioka em Edo (atual Tóquio) e venceu o grande Sasaki Kojirō, outro grande samurai.
Pelo fim da era Tokugawa, os samurais eram burocratas aristocráticos ao serviço dos daimiô, com as suas espadas servindo para fins cerimoniais. Com as reformas da era Meiji, no final do século XIX, a classe dos samurais foi abolida e foi estabelecido um exército nacional ao estilo ocidental. O rígido código samurai, chamado bushido, ainda sobrevive, no entanto, na atual sociedade japonesa, tal como muitos outros aspectos do seu modo de vida.
Os Samurais, como classe social, deixaram de existir em 1868, com a restauração Meiji, quando o imperador do Japão retomou o poder do país.
Seu legado continua até nossos dias, influenciando não apenas a sociedade japonesa, mas também o ocidente.
Kanji para "samurai".
Samurai empunhando uma katana (c. 1860).

Nomenclatura

O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Portanto, sua maior função era servir, com total lealdade e empenho, o Imperador. Em troca disso recebiam privilégios terras e/ou pagamentos, que geralmente eram efetuados em arroz, numa medida denominada koku (200 litros).
Um termo mais apropriado para Samurai é bushi (武士) (significando literalmente "guerreiro ou homem de armas") que era usado durante o período Edo. No entanto, o termo "Samurai" refere-se normalmente à nobreza guerreira e não por exemplo à infantaria alistada. Um samurai sem ligações a um clã ou daimyō era chamado de ronin (literalmente "homem-onda"). Rōnin são também samurais que largaram a sua honra ou aqueles que não cumpriram com o seppuku, que significa dividir a barriga, de modo a repor a honra do seu clã ou família. Samurais ao serviço do han eram chamados de hanshi.
Era esperado dos Samurais que eles não fossem analfabetos e que fossem cultos até um nível básico, e ao longo do tempo, durante a era Tokugawa (também chamada de período Edo), eles perderam gradualmente a sua função militar.
Equipamento militar dos samurais.
Tal relação de suserania e vassalagem era muito semelhante à da Europa medieval, entre os senhores feudais e os seus cavaleiros. Entretanto, o que mais difere o samurai de quaisquer outros guerreiros da antiguidade é o seu modo de encarar a vida e seu peculiar código de honra e ética.
Após tornar-se um bushi (guerreiro samurai), o cidadão e sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além disso, os samurais tinham o direito (e o dever) de carregar consigo um par de espadas à cintura, denominado "daishô": um verdadeiro símbolo samurai. Era composto por uma espada curta (wakizashi), cuja lâmina tinha aproximadamente 40 cm, e uma grande (katana), com lâmina de 60 cm.
Todos os samurais dominavam o manejo do arco e flechas. Alguns usavam também bastões, lanças e outras armas como a foice e corrente (kusarigama) e jutte.
Eram chamados de ronin os samurais desempregados: aqueles que ainda não tinham um daimyo para servir ou quando o senhor dos mesmos morria ou era destituído do cargo.
Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito denominado bushidô (caminho do guerreiro). Segundo esse código, os samurais não poderiam demonstrar medo ou covardia diante de qualquer situação.
Havia uma máxima entre eles: a de que a vida é limitada, mas o nome e a honra podem durar para sempre. Por causa disso, esses guerreiros prezavam a honra, a imagem pública e o nome de seus ancestrais acima de tudo, até da própria vida.
A morte, para o samurai, era um meio de perpetuar a sua existência. Tal filosofia aumentava a eficiência e a não-hesitação em campos de batalha, o que veio a tornar o samurai, segundo alguns estudiosos, o mais letal de todos os guerreiros da antiguidade.
Talvez o que mais fascine os ocidentais no estudo desses lendários guerreiros é a determinação que eles tinham em freqüentemente escolher a própria morte ao invés do fracasso. Se derrotados em batalha ou desgraçados por outra falha, a honra exigia o suicídio em um ritual denominado harakiri ou seppuku. Todavia, a morte não podia ser rápida ou indolor. O samurai fincava a sua espada pequena no lado esquerdo do abdômen, cortando a região central do corpo, e terminava por puxar a lâmina para cima, o que provocava uma morte lenta e dolorosa que podia levar horas. Apesar disso o samurai devia demonstrar total autocontrole diante das testemunhas que assistiam ao ritual. No entanto, dispunham de um assistente neste momento, que deceparia sua cabeça ao menor sinal de fraqueza para que sua honra fosse igualmente preservada. Normalmente eram escolhidas pessoas próximas (familiares, amigos) da pessoa que estava cometendo o suppuku para ajudar como assistente. Tal "cargo" era considerado de grande honra.
A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acompanhada de decapitação. A cabeça do derrotado era como um troféu, uma prova de que ele realmente fora vencido. Por causa disso, alguns samurais perfumavam seus elmos com incenso antes de partirem para a guerra, para que isso agradasse o eventual vencedor. Samurais que matavam grandes generais eram recompensados pelos seus daimyo, que lhe davam terras e mais privilégios.
Ao tomar conhecimento desses fatos, os ocidentais geralmente avaliam os samurais apenas como guerreiros rudes e de hábitos grosseiros, o que não é verdade. Os samurais destacaram-se também pela grande variedade de habilidades que apresentaram fora de combate. Eles sabiam amar tanto as artes como a esgrima, e tinham a alfabetização como parte obrigatória do currículo. Muitos eram exímios poetas, calígrafos, pintores e escultores. Algumas formas de arte como o Ikebana (arte dos arranjos florais) e a Chanoyu (arte do chá) eram também consideradas artes marciais, pois treinavam a mente e as mãos do samurai.
O caminho espiritual também fazia parte do ideal de homem perfeito que esses guerreiros buscavam. Nessa busca os samurais descobriram o Zen-budismo, como um caminho que conduzia à calma e à harmonia.
Os samurais eram guerreiros que davam muita importância ao seu clã (família) por isso se algum membro da família do samurai morresse por assassinato ele teria que matar o assassino para assim reconquistar sua honra.

Artes marciais dos Samurais

Os samurais prezavam particularmente o treinamento militar. Através das artes marciais, era fortalecida tanto a sua técnica quanto o seu espírito. Mais do que acertar um alvo com sua flecha ou cortar algo com sua espada, um samurai sempre visava refinar seu espírito, com a autodisciplina e o autocontrole, para assim estar sempre preparado para as situações mais adversas possíveis.
Tal preocupação com o espírito que ajudou as artes Samurai a se salvar de sua extinção na Restauração Meiji (época em que os samurais viraram burocratas a serviço do governo). O Kobudo, como são conhecidos os estilos de combate criados pelos samurais ainda é praticado até nossos dias. O Kobudo envolve uma grande gama de armas diferente e técnicas, como o Kenjutsu (arte de combater com espadas), Iaijutsu (arte de desembainhar a espada em combate), Naginatajutsu (luta com alabarda), Sōjutsu ou Yarijutsu (arte da lança), Jojutsu e Bōjutsu e uma forma de Taijutsu. A maioria destas artes tiveram versões modernizadas (Gendai budō) no século XX, como o Kendō, Iaidō, Jōdō e Judô por exemplo. Tanto o Kobudo como o Gendai Budo são praticados hoje em dia, muitas vezes se complementando.

Armadura

Réplica da armadura do Daimiô Uesugi Kenshin (1530–1578).
Uma armadura típica dos samurais era composta por diversos detalhes importantes, sofrendo mudanças de acordo com o período histórico, o clã e a classe do samurai. As usadas para batalhas a cavalos, chegavam a pesar até quarenta quilos.[1]
  • Suneate: Duas lâminas verticais presas na canela por juntas ou correntes.
  • Haidate: Protetor de coxas, com a parte inferior sobreposta de lâminas de metal ou couro.
  • Yugate: Luvas feitas de couro.
  • Kotê: São as mangas que protegiam os antebraços e punhos, poderiam ser feitas de diversos materiais, como tecido, couro ou lâminas de metal.
  • Dô: Protetor para o abdômen.
  • Kusazuri: Um tipo de saia feita de lâminas de metal presas a um cinto de couro e amarradas no , servia para proteger o quadril e as coxas.
  • Uwa-obi: Cinto feito de linho e algodão que amarrava o .
  • Sode: Protetor de ombros feito de lâminas de metal.
  • Hoate: Máscara que variavam muito de modelo, conforme o período.
  • Kabuto: Capacete, que também variavam muito de modelo, conforme o período. Simbolizavam o poder e status do samurai.
  • Horo: Capa, feita de seda utilizada como aparador de flechas, também levava consigo o desenho do clã o qual o samurai participava.

O Dia do Samurai

Em 22 de julho de 2005, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei estabelecendo o dia 24 de abril de cada ano como data comemorativa do Dia do Samurai [2]
A data foi escolhida pelo autor do projeto (o então vereador William Woo) em homenagem ao aniversário do Sensei Jorge Kishikawa, a título de reconhecimento por seu trabalho na difusão das artes samurais tradicionais (Kobudo ou Koryu Budo) no Brasil.
A comemoração do Dia do Samurai foi posteriormente proposta e oficializada em várias outras cidades e também estados do território brasileiro. Atualmente a data é parte do calendário oficial das cidades de São Paulo (a metrópole onde se concentra o maior número de descendentes japoneses fora do Japão), Ribeirão Preto (cidade considerada como o berço da imigração japonesa no Brasil), Brasília, Piracicaba, Campinas e Guarulhos e nos estados do Amazonas, Paraná e Santa Catarina.
Comemoração do Dia do Samurai em São Paulo no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera.
Comemoração do Dia do Samurai na Câmara Municipal de São Paulo.

O Samurai na sociedade japonesa

Atores de teatro kabuki caracterizados como samurais (c. 1880).
Os samurais eram treinados militarmente desde a infância, e formavam uma casta respeitadíssima e hereditária. Moldados no treinamento e educação espartanos, sua conduta era rígida e baseada num código restrito chamado Bushido (o caminho guerreiro), que enfatizava as qualidades de lealdade, bravura e resistência. Quando derrotados ou desonrados, praticavam o Seppuku, o suicídio sagrado e ritualístico, em que o guerreiro abria o próprio ventre com uma faca.
A Sociedade Japonesa, durante o período do xogunato, abaixo dos nobres, dos senhores feudais e dos grandes líderes militares, dividia-se em 4 classes principais: samurais, lavradores, artesãos e mercadores. Os samurais, a classe dos guerreiros, que compreendia cerca de 3 a 8 por cento do total da população, destacava-se como casta por poder portar armas legalmente, as quais eram proibidas ás outras pessoas; a eles, samurais, quais cabiam a responsabilidade de manter a ordem.
Os samurais tinham privilégios, como o livre direito de ação; diante deles, em certas ocasiões, as pessoas das classes mais baixas deviam lhes reverenciar, como ato de respeito. Por lei, um direito chamado kirisute gomen dava a um samurai o poder de eliminar com sua espada qualquer um das castas mais baixas que não o respeitasse. Os samurais, como casta, terminaram com a extinção do feudalismo.
Sem ter a quem servir, entraram na luta contra o império, numa série de revoltas iniciadas em 1870, que foram abafadas pelo exército imperial. Os sobreviventes das revoltas, homens com séculos de orgulho, honra e cultura guerreira, se degradaram e terminaram seus dias com bandoleiros ou mendigos.
Samurais (c.1880).
Formação de tropas samurais denominada Ganko (voo dos pássaros) do Período Azuchi-Momoyama.

Casamento samurai

Geralmente o casamento era arranjado pelos pais, com o consentimento silencioso dos jovens. Mas, também não se descartava a hipótese dos próprios jovens arrumarem seus pretendentes. Na maioria dos casos segundo os velhos costumes, as preliminares eram confiadas a um (uma) intermediário(a).
Nas famílias dos samurais, a monogamia tornou-se regra, mas no caso de esterilidade da mulher, o marido tinha o direito de possuir uma "segunda esposa" (como na aristocracia), pertencente à mesma classe ou de casta inferior. Mas depois no século XV, esse costume acabou, no caso do casal não ter filhos e assim sendo não possuir herdeiros, recorria-se ao processo de 'yôshi' (adoção) de um parente ou de um genro. Como norma geral o casamento constituía assunto estritamente familiar e se realizava dentro dos limites de uma mesma classe.
Contudo, os interesses políticos às vezes rompiam as barreiras dos laços familiares, transformando o matrimônio em assunto de estado. Na aristocracia existiu um famoso ocorrido, o caso da família Fujiwara que, a fim de manter a hegemonia da família nas altas posições junto à corte, casou suas filhas com herdeiros do trono e outros membros da família imperial. De modo semelhante, os chefes de clãs samurais promoviam políticas de alianças por meio de casamento, dando suas filhas em matrimônio a senhores vizinhos ou outras pessoas influentes.

Esposa, a mulher samurai

Esposa de Onodera Jyūnai Hidekazu, um dos 47 rōnin, preparando-se para cometer o jigai (versão feminina do seppuku).
Na classe samurai, mesmo não tendo uma autoridade absoluta, a mulher ocupava uma posição importante na família. Quase sempre dispunha de um controle total das finanças familiares, comandando os criados e cuidando da educação dos filhos e filhas (sob orientação do marido).
Comandavam também a cozinha e a costura de todos os membros da família. Tinham a importante missão de incutir na mente das crianças (meninos e meninas), os ideais da classe samurai que eram: não ter medo diante da morte; piedade filial; obediência e lealdade absoluta ao senhor; e também os princípios fundamentais do budismo e confucionismo.
Com todas essas responsabilidades, a vida de esposa de um samurai não era nada invejável. Com muita freqüência, o samurai estava ausente prestando serviço militar ao seu senhor; e em tempo de guerra o samurai às vezes era forçado a defender seu lar, pois conforme os reveses da batalha poderiam virar alvo de ataques inimigos.
Nessas ocasiões de perigo para a família, não era difícil a mulher combater ao lado do marido, usando de preferência a 'naginata' (alabarda), arma que aprendiam a manejar desde cedo.
Mesmo não tendo o refinamento das damas da nobreza, pela qual os samurais nutriam certo desprezo, a mulher samurai possuía conhecimentos dos clássicos chineses e sabia compor versos na língua de Yamato, ou seja, no japonês puro, usando 'kana'.
As crônicas de guerra, como o 'Azuma Kagami', contam-nos que esposas de samurais lutavam na defesa de seus lares, empunhando alabarda, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Essas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrentarem o perigo sem medo.
Sem perder a feminilidade essas esposas, cuidavam de sua aparência vestiam-se com esmero; gostavam de manter a pele clara, usando batom e pintando os dentes de preto (tingir os dentes de preto era hábito de toda mulher casada), tiravam a sobrancelha e cuidavam com muito carinho dos longos cabelos escuros.

Para Saber mais

O mais conhecido tratado sobre o Bushido, o código de conduta dos Samurais
Editora Conrad, 2004
Os preceitos do Bushido adaptados para a vida moderna por Jorge Kishikawa. Editora Conrad, 2004
Apresentação: Shihan Gosho Motoharu
Revisão técnica e introdução: Jorge Kishikawa
O maior clássico da história do Japão, pela primeira vez traduzido para o português diretamente do original em japonês arcaico e com revisão por um mestre do Niten Ichi Ryu, o estilo de Miyamoto Musashi
Editora Conrad, 2006
O romance mais vendido da história do Japão. Conta a história de Miyamoto Musashi, o mais famoso espadachim de todos os tempos
Esta obra apresenta não apenas minuciosas e fascinantes informações sobre as armaduras dos antigos guerreiros japoneses, os samurais, mas também um resumo da história do Japão, desde os tempos pré-históricos até o início do processo de modernização do país, na segunda metade do século XIX. Conheça esse universo fascinante dos samurais e as suas armaduras, bem como faça uma viagem cultural à Terra do Sol Nascente.

HISTÓRIA DO JAPÃO Grande sismo de Kantō

Grande sismo de Kantō
 
Departamento metropolitano da polícia após o terremoto.
A 1 de setembro de 1923, pouco antes do meio-dia, ocorreu um dos sismos mais devastadores da história na região de Kanto numa magnitude de 8.3 graus na escala de Richter. O movimento de placas tectónicas causou como consequência um tsunami. Em Kamakura as ondas chegaram a atingir cinco metros de altura, enquanto que em Atami, foram registadas ondas com treze metros.[148] Estima-se que cerca de 110 mil pessoas perderam a vida, quer pelos efeitos do sismo como pelo subsequente tsunami e inúmeros incêndios que se perduraram por vários dias.[148] A perda de vidas humanas deve-se também à causa adicional de várias ondas de violência que se desenvolveram após a tragédia, contra activistas políticos coreanos e chineses por parte de civis, polícias e militares.[148]
Desolação de Nihonbashi e Kanda. Vista a partir do telhado do edifico Dai-ichi Sogo, em Kyōbashi.

Período Shōwa

Imperador Shōwa, mais conhecido no Ocidente pelo seu primeiro nome, Hirohito.
Em 25 de dezembro de 1926, após um breve reinado, o imperador Taishō morreu e o príncipe regente foi empossado como o novo imperador do Japão, começando assim o período Shōwa.[149]
Em 1922, com o Tratado Naval de Washington, o número de navios da Marinha Imperial Japonesa viu-se limitado frente às frotas norte-americana e britânica, aumentando as dificuldades existentes no Japão por este ter sido forçado a deixar as colónias obtidas na China durante a guerra russo-japonesa. O Japão foi significativamente prejudicado quando as potências estrangeiras ocuparam aquilo que consideravam a sua esfera de influência governamental. A única área significativamente extensa onde lhes foi possível obter as matérias-primas necessárias para o desenvolvimento da sua economia sem depender das importações, era a China. E em 1931, o Japão decidiu invadir e ocupar Manchúria e posteriormente a China em 1937.[150] A invasão sobre este último desencadeou a Segunda Guerra Sino-Japonesa que se desenrolou por mais de oito anos.[151]

Segunda Guerra Sino-Japonesa

General Iwane Matsui entrando em Nanquim.
Neste período, as tropas japonesas controlavam as vias ferroviárias da Manchúria, pois através destas, diversos recursos eram transportados para os portos na Coreia, de onde eram por fim enviados para o Japão. Em setembro de 1931 explosivos foram detonados nessas estradas de ferro do sul da província, as quais eram de propriedade japonesa - "Incidente de Mukden". Com isto, o governo japonês decidiu enviar tropas para ocupar toda a Manchúria, formando assim um regime fantoche designado de Manchukuo, sob o comando nominal do imperador Pu Yi.[152]
Nos anos seguintes confrontos menores ocorreram na província, contudo, em 1937 após o incidente da Ponte Marco Polo, tropas japonesas foram atacadas nos arredores de Pequim, iniciando-se abertamente a guerra com a China. Depressa o Japão atacou as principais cidades costeiras, e em dezembro desse mesmo ano, as tropas japonesas tinham já ocupado Nanquim, Hangchow e Cantão. Quando a Nanquing se rendeu perante os invasores, o exército imperial japonês realizou atos de suma crueldade contra a população civil em eventos conhecidos como o "massacre de Nanquim", onde cerca de 300 mil soldados chineses assim como civis foram mortos.[152]
A essa altura, o Japão já fazia parte do chamado Eixo, através do Pacto Anti-Komintern realizado com a Alemanha e mais tarde com a Itália. Esses acordos foram substituídos pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, pelo qual as potências do Eixo reconheciam o Japão como líder de uma nova ordem na Ásia.
As primeiras vitórias japonesas foram seguidas por um período de estagnação, e em 1938 a guerra encontrava-se num impasse. Esta situação prolongou-se até 1941, quando os japoneses entraram no palco da Segunda Guerra Mundial.[152] Este tremendo conflito terminou em 1945, após o Japão anunciar a sua rendição incondicional frente aos aliados.

Segunda Guerra Mundial

Yōsuke Matsuoka durante uma visita a Adolf Hitler em 1941.
As relações com o Ocidente deterioraram-se em finais da década de 1930. Em 1940, foi nomeado para primeiro ministro o príncipe Konoye, que veio a formar um conselho de ministros nacionalista e defensor da expansão da área com recurso à força. A essa altura, o Japão já fazia parte do chamado Eixo. A 27 de setembro desse mesmo ano, o ministro das relações externas, Yosuke Matsuoka, realizou um nova acordo substituindo os anteriores pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, em que as potências do Eixo reconheciam o Japão como líder de uma nova ordem na Ásia.[151] Depois de formado a chamada "Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental", o Japão invadiu o norte da Indochina Francesa[151] e em julho de 1941 introduziu tropas a sul da Indochina. Isto fez com que países como os Estados Unidos, Inglaterra e Holanda retaliassem. Os EUA impuseram um obstáculo comercial ao Japão. Este viu-se privado em cerca de 90% do suprimento de petróleo e no comercio limitado com o exterior em cerca de 75%.[153]
No gabinete japonês eram então debatidas as próximas acções a serem seguidas, figurando com proeminência o Hideki Tojo, ministro da defesa, um grande defensor da guerra que serviu durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial.[153] Enquanto a maior força do Pacífico, o Japão possuía praticamente o dobro dos navios que os Estados Unidos no Pacífico; o seu exército contava com 1 800 000 soldados; e a sua força era superior a todos os outros países do mundo.[154]
A 5 de dezembro, caso até finais do mês os EUA não levantassem o embargo económico, o Imperador Shōwa e o seu conselho de ministros entrariam em guerra. Contudo a resposta do governo dos EUA chegou a 26 de novembro, quando através do seu Secretário de Estado foi confirmada a demanda norte-americana de que as tropas japonesas se retiraram da Manchúria, China e Indochina, para além da renúncia do Japão ao Pacto Tripartite.[154]
Ataque a Pearl Harbor
Explosão de um torpedo no USS West Virginia, visto a partir de um avião japonês.
No mesmo dia de 26 de novembro, uma frota japonesa partiu das ilhas Curilas com destino a Pearl Harbor,[154] para destruir a frota estadunidense do Pacífico. Realizou-se então o primeiro ataque com mais de 189 aviões a 7 de dezembro às 7:55 pm horas,[155] tendo sido destruídos seis navios de guerra, três cruzadores e quatro outros navios, para além de aniquilados 188 aviões norte-americanos. Este ataque de surpresa ocasionou 2 403 mortos.[156]
O segundo e último ataque ocorreu às 8:45 da manhã e terminou às 10:00 horas. Neste assalto, as defesas americanas estavam já melhor preparadas e Nagumo cancelou o terceiro ataque previamente programado.[156] No dia seguinte, o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, dirigiu-se ao congresso solicitando que se declarasse guerra ao Japão, num dos discursos mais famosos da história.[157]
Discurso ao Congresso
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Discurso do presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt no Congresso do dia seguinte ao ataque a Pearl Harbor.

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Frente do Pacífico em finais de 1941
No dia seguinte depois do ataque a Pearl Harbor, as forças japonesas iniciaram um tipo de batalha Blitzkrieg no Pacífico, em que a Malásia, Hong Kong, Filipinas, Ilha Wake, Birmânia e Tailândia foram atacados quase em simultâneo com o objetivo de conseguir pontos estratégicos favoráveis. Em 16 de dezembro, o Japão consegue ocupar as Índias Orientais Holandesas, proporcionando assim uma importante fonte de recursos ao país.
Frente do Pacífico em 1942
Durante a primeira metade do ano, as forças do império do Japão foram vitoriosas em quase todas as frentes; a 7 de fevereiro a sua frota saiu vencedora frente aos aliados na Batalha do Mar de Java e [158] no dia 15 do mesmo mês as forças aliadas entregaram Singapura.[159] Além disso, as Filipinas, Malásia e a maior parte da Nova Guiné foram derrotadas.[160] A segunda metade do ano representou um ponto de viragem na guerra. Forças estadunidenses desalojaram os japoneses de Guandalcanal, para além de conseguida uma importante vitória na Batalha de Midway, onde os japoneses perderam metade da sua frota de porta-aviões, e cerca de 150 aeronaves.[161]
Tentativa de defesa do anel defensivo
Durante 1944 os esforços japoneses limitaram-se a tentar manter um anel defensivo, contudo viram-se obrigados a recuar na Nova Guiné e nas Ilhas Salomão. O japão sofreu significantes derrotas nas ilhas Gilbert,[162] no entanto manteve um constante avanço ofensivo na Birmânia e na fronteira com a Índia.[163] Neste ano o Japão sofreu graves derrotas navais, como na Batalha do Mar de Bismarck que ocorreu entre 2 e 5 de março e na Batalha de Mar de Bering a 26 de março.[164]
Em 1944 a situação tornou-se insustentável para o Japão, uma vez que grande parte da sua frota foi destruída durante a Batalha do Mar das Filipinas quando tropas norte-americanas desembarcaram nas Ilhas Marshall, nas Ilhas Gilbert e nas Filipinas. A partir dos aeródromos nas Filipinas, deu-se início ao bombardeamento do Japão.[165] A 18 de julho o general Tōjō renunciou do poder juntamente com o seu gabinete de estado.[166] Até finais de outubro deste ano, os japoneses perderam mais uma importante batalha marítima, a batalha do Golfo de Leyte. Nesta fase surgiram os primeiros grupos suicidas comummente conhecidos como kamikazes.[167]
 Kamikazes
USS Bunker Hill foi atacado por dois aviões kamikaze em menos de 30 segundos de diferença em 11 de maio de 1945.
Desde 1942 foram desenvolvidas diferentes doutrinas dentro do exército japonês num esforço de implementar tácticas suicidas na guerra.[168] Unidades especiais suicidas foram finalmente implementadas em terra (como no caso da "carga banzai") e no mar ( como barcos Shin'yō). Finalmente, em meados de 1944, o primeiro-ministro Hideki Tōjō garantiu instruções para que os Corpos de Ataque Aéreo organizassem uma unidade especial, [169] a chamada Shinpū tokubetsu kōgeki tai (神風特別攻撃隊 "Unidade Especial de Ataque Shinpū"?) com a abreviatura de tokkōtai (特攻隊?),[170] mais conhecidos no ocidente por kamikaze.
A primeira missão oficial da unidade especial ocorreu no dia 25 de outubro,[171][172] sucedendo-se inúmeros ataques semelhantes até ao término da Segunda Grande Guerra.
1945
Em fevereiro de 1945, a Alemanha estava brevemente derrotada. Porém, durante a Conferência de Yalta, Stalin comprometeu-se a declarar guerra ao Japão nos dois meses seguintes da derrota definitiva das forças alemãs.[173]
A 19 de fevereiro, após 72 dias de intenso bombardeio na ilha teve início a invasão de Iwo Jima por parte das tropas norte-americanas. Passados quatro dias caiu o Monte Suribachi, acontecimento este capturado na famosa fotografia Raising the Flag on Iwo Jima, de Joe Rosenthal.[174] Durante o conflito, os estados unidos perderam 6 821 soldados, enquanto que no Japão estima-se que cerca de 22 mil homens foram mortos.[175]
Foto de grupo após a Conferência de Potsdam. De esquerda para a direita e de cima para baixo: Clement Attlee,Primeiro-ministro do Reino Unido; Viacheslav Mólotov, ministro de dos negócios estrangeiros da União Soviética; Harry Truman, Presidente dos Estados Unidos de América; James Byrnes, ministro dos negócios estrangeiros dos Estados Unidos; Ernest Bevin, ministro dos negócios estrangeiros do Reino Unido; William Leahy, embaixador dos Estados Unidos na França; e Iósif Stalin, líder da União Soviética.
Outra sangrenta frente de batalha teve lugar em Okinawa. A invasão ocorreu a 1 de abril com a "Operação Iceberg". A 5 de abril o primeiro-ministro Kuniaki Koiso renunciou o seu cargo enquanto a guerra se aproximava das principais ilhas do Japão.[176] Durante a invasão faleceram mais de 12 mil norte-americanos, enquanto no exército japonês foi estimado um número de 110 mil mortes. Para além disso, os Estados Unidos perderam 36 navios e 368 foram danificados[177] cujo maioria foi fruto de ataques realizados por kamikazes. Okinawa caiu finalmente em 21 de junho, oferecendo aos aliados uma importante base de operações.[177]
Durante a Conferência de Potsdam, Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt concordaram com a utilização da bomba atómica.[178] Um declaração solicitando a rendição incondicional do Japão foi enviada.[179] No entanto foi rejeitada dois dias depois pelo governo japonês.[180]
[editar] Bobardeios atómicos de Hiroshima e Nagasaki
Nuvem de cogumelo sobre Hiroshima despois de ter implantado a bomba Little Boy.
Nuvem de cogumelo sobre Hiroshima despois de ter implantado a bomba Little Boy.
Nuvem de cogumelo criada pela bomba Fat Man como resultado da explosão nuclear sobre Nagasaki.
Nuvem de cogumelo criada pela bomba Fat Man como resultado da explosão nuclear sobre Nagasaki.
Após a autorização de Harry Truman e de seis meses de bombardeios intensivos em 67 cidades, os bombardeamentos atómicos foram realizados a 6 e 9 de agosto de 1945. A bomba atómica Little Boy foi lançada sobre Hiroshima na segunda-feira[181] de 6 de agosto de 1945,[182] seguida pela detonação da bomba Fat Man na quinta-feira de 9 de agosto em Nagasaki. Até à data estes bombardeios constituem os únicos ataques nucleares da história.[183]
Estima-se que até finais de 1945, as bombas haviam morto cerca de 140 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki,[184] apesar de apenas metade ter falecido no próprio dia do atentado. Nas duas cidades, a maioria das mortes afectaram civis.[185]
Rendição
Representantes japoneses, Mamoru Shigemitsu e Yoshijiro Umezu, a bordo do USS Missouri antes da assinatura do documento de rendição a 2 de setembro de 1945. Atrás deles na fila, da esquerda para direita, o General Yatsuji Nagai, Katsuo Okazaki, Almirante Tadatoshi Tomioka, Toshikazu Kase e o Tenente-general Suichi Miyakazi.
A 8 de agosto, a União Soviética declarou guerra ao Japão e iniciou-se uma breve batalha na Manchúria, onde cerca de 80 mil soldados japoneses perderam a vida. A 15 de agosto, o imperador Shōwa quebrou o silêncio imperial e emitiu por rádio a rendição incondicional do Japão frente aos aliados (a primeira vez que a grande maioria dos japoneses puderam ouvir a voz do imperador), solicitando ao seu povo que não oferecessem resistência pois as suas tropas haviam entregue as suas armas, rendendo-se.[186] Dois dias depois, o príncipe Higashikini foi nomeado primeiro-ministro numa tentativa de supervisionar a rendição do país,[187] a qual foi oficializada a 2 de setembro a bordo do USS Missouri, pondo fim tanto à Guerra do Pacífico como à Segunda Guerra Mundial.[188]
Estima-se que no total o Japão perdeu 1 506 000 soldados e cerca de 900 mil civis, principalmente no último ano, devido aos atentados de incêndios e atómicos.[189]
 
Ocupação do Japão
 
O general Douglas MacArthur foi nomeado comandante supremo[186] e coube-lhe o papel de responsável por supervisionar a ocupação do Japão,[188] a qual perdurou até 1952.[189]
Durante os primeiros dois anos foi realizado um processo de democratização, no qual foram abolidos o exército e a armada, destruíram-se munições e armas, e fábricas de armamento foram convertidas para uso da população.[190] O xintoísmo estatal foi eliminado dando lugar a reformas políticas, económicas e sociais.[190]

Japão pós-ocupação

Bandeira das Forças de Autodefesa do Japão, organismo criado em 1954.
Política
Praticamente no início da ocupação do Japão começaram a surgir vários partidos políticos. Os antigos Seiyokai e o Rikken Minseitō ressurgiram enquanto Nihon e Jiyūtō e Nihon Shinpotō, respectivamente. As primeiras eleições pós-guerra realizaram-se em 1949 e ficaram marcadas por ter sido o primeiro momento em que foi concedido o direito ao voto das mulheres, para além de que Yoshida Shigeru foi eleito primeiro-ministro. Nas eleições do ano seguinte, opositores de Yoshida deixaram o Jiyūtō e uniram forças com o Shinpotō, dando início ao Minshuto impulsionando a ascensão do partido socialista Nihon Shakai-tō, o qual formou um conselho de ministros, até que o seu poder decaiu novamente.[191] Yoshida retornou como primeiro-ministro em 1948, cargo este que desempenhou até 1954.[191]
Sucessivas divisões dentro dos partidos políticos assim como a sucessão de governos por parte das minorias políticas, levaram a que membros conservadores formassem em novembro de 1955 o Jiyū Minshutō ou Parido Liberal Democrata (entre 1955 e 1993).[191] Depois de várias reorganizações nas forças armadas, em 1954 foram formadas as Forças de Autodefesa, sob controle civil.[191] A situação mundial condicionada pela Guerra Fria e pela Guerra da Coreia estimulou o desenvolvimento económico assim como a supressão do socialismo sob influência norte-americana.[191]
Desenvolvimento económico
Bolsa de Valores de Tóquio sufreu um crash a 20 de outubro de 1987.
Com o decorrer da época do pós-guerra, a economia japonesa começou a crescer contrariando todas as expectativas, com o chamado milagre económico japonês. Rapidamente, o país se comparava ao Ocidente, tanto no comércio exterior, (produto interno bruto), como na qualidade de vida. As conquistas que foram marcadas pelos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964 (a primeira Olímpiada na Ásia)[192] assim como com a inauguração da primeira linha ferroviária do shinkansen[193]). A isto somou-se a Exposição Universal de Osaka em 1970.[194]
A partir da segunda metade do século XX, o Japão passou a ser reconhecido pela sofisticada tecnologia. Com o crescimento económico, tornou-se a potência mais importante do mundo a nível de exportações, com prevalência nas áreas da electrónica, informática, robótica, indústria automobilística e bancária. Tornaram-se evidentes significantes benefícios económicos para o país.[195]
O crescimento económico e a tranquilidade política em meados da década de 1960 foram interrompidos pela súbita subida de preços no petróleo decretado pela OPEP em 1973, o que provocou a primeira recessão no Japão desde a Segunda Guerra Mundial.[194]
O ano de 1987 foi um significante passo para o Japão. Os preços dos imóveis encontravam-se em constante crescimento, a inflação alcançou o seu ponto mais alto desde 1975, o desemprego atingiu o valor recorde de 3,2%, e existia um grande descontentamento em relação ao governo de Yasuhiro Nakasone. Finalmente, embora que por alguns meses a economia tivesse aparentemente melhorado, em 20 de outubro do mesmo ano, a Bolsa de Valores de Tóquio sofreu uma queda profunda e inesperada do preço da acções.[194]
Relações internacionais
A maior crise política do pós-guerra aconteceu em 1960, aquando da revisão do Pacto de Assistência Mútua de Segurança, ratificada pelo nome de "Tratado de Mútua Cooperação e Segurança", que originou manifestações massivas nas ruas como sinal de rejeição. O conselho de ministros renunciou um mês depois da aprovação do novo tratado. Após sucessivas manifestações durante vários anos, a opinião geral dos cidadãos japoneses sobre os Estados Unidos melhorou em 1972, quando Okinawa foi colocado novamente sob a soberania japonesa.[196]
O Japão renovou as relações com a República Popular da China, no final da Segunda Guerra Mundial, contudo por causa do apoio obsequiado ao governo nacionalista exilado em Taiwan, foram gerados atritos com o governo chinês. A relação com este país foi novamente restabelecida em 1972.[196]
O relacionamento com a União Soviética tem sido problemático, visto que o Japão reivindica como suas próprias ilhas aquelas ocupadas por este país durante os últimos dias da guerra, nomeadamente Iturup e Kinashir, Shikotan e ilhas Khabomai.[196]

Período Heisei

Bairro de Shibuya e, Tóquio, zona moderna onde se desenrola a vida noturna e a modernidade popular japonesa.
Actuais governantes
O Período Heisei começou a 8 de janeiro de 1989, um dia depois da morte do imperador Shōwa com a subsequente ascenção ao trono do príncipe Akihito.[197] Durante esta época a bolha financeira e imobiliária do Japão eclodiu, e em finais de 1987, os preços das acções do sector imobiliário ficaram inflacionados e juntamente com as taxas de juros baixas, foi-se desenvolvendo uma bolha especulativa. Após a queda do dólar americano durante a "segunda-feira negra", os investidores japoneses começaram a comprar propriedades e empresas dos Estados Unidos, o que obrigou o sistema de reserva federal a encarar novas medidas para combater a política económica japonesa. Durante maio de 1989, o banco do Japão elevou as taxas de juros por quatro vezes e a partir do ano seguinte a bolha económica começou a entrar em colapso.[198]
Em 1993, por meio de acusações de corrupção dentro do partido liberal democrata, uma coligação liderada por Morihiro Hosokawa tomou o poder momentaneamente. Enquanto isso a sua falta de unidade era evidente; os desastres do Grande Sismo de Hanshin-Awaji que destruiu Kobe matando mais de 6 mil pessoas, originou prejuízos de mil milhões de ienes em 1995.[199] somado posteriormente ao ataque com gás sarin ao Metro de Tóquio por um culto apocalíptico nesse mesmo ano;[200] Em 1996 o governo de coligação sofre uma derrota frente ao Partido Liberal Democrático que elegeu Ryūtarō Hashimoto como primeiro-ministro. No entanto, devido instabilidade económica, o primeiro-ministro foi substituído por Keizō Obuchi em 1998. Este propiciou a estabilização da economia, porém veio a falecer em 2000, como resultado de um acidente vascular cerebral. Yoshiro Mori sucedeu Obuchi, no entanto, considerado impopular pelos vários erros no governo foi substituído por Junichiro Koizumi em 2001.[195]
Koizumi implementou uma série de reformas económicas que incidiram sobre a dívida pública e conseguiu deter a crise económica e propiciar um aumento de popularidade do governo. Koizumi permaneceu no cargo até se renunciar do mesmo em 2006. Antes, em 2005, o Partido Liberal Democrata obteve uma vitória esmagadora nas eleições legislativas.[195] Durante o governo de Koizumi foi aprovado em 2004 o envio de um contingente com seiscentos soldados das Forças de Autodefesa do Japão para o Iraque sem o aval da Organização das Nações Unidas, a fim de apoiar a sua reconstrução.[201] Isto marcou a primeira actuação de um grande contingente militar fora do país desde o término da Segunda Guerra Mundial, o que levou ao surgimento de uma controvérsia sobre a interpretação do artigo 9 da constituição, onde foram proibidos atos de guerra por parte do estado.
O ano de 2004 foi marcado por uma série de catástrofes naturais, em que um número recorde de dez tufões num ano atingiram o Japão, em particular durante o mês de outubro onde 94 pessoas vitimas de tais desastres, morreram e/ou desapareceram. As fortes chuvas e inundações que afetaram as prefeituras de Niigata, Fukushima e Fukui resultaram na morte de vinte pessoas. No mesmo mês de outubro, um terremoto atingiu a região centro de Niigata, onde 64 pessoas perderam a vida, mais de 4 800 feridos e 100 mil pessoas evacuadas foi o resultado do desastre. Este terremoto ocasionou também no descarrilamento de Shinkansen - o primeiro acontecimento do género em quarenta anos.[202]
Após a renuncia de Koizumi, surgiram uma série de débeis e fracos governos: Shinzo Abe, sucessor de Koizumi, renunciou o cargo em setembro de 2007 por uma série de escândalos de corrupção resultado da sua fraca liderança. Este foi sucedido por Yasuo Fukuda, que também foi incapaz de governar de forma eficaz e abandonou a sua função em setembro de 2008. Assim, foi sucedido por Tarō Asō considerado um dos membros mais carismáticos dentro do Partido Liberal Democrata, contudo não pôde concertar as diversas facções quando assumiu a liderança do governo, uma vez que a sua procura por antecipar as eleições legislativas antes de solucionar a crise económica derivada do caos financeiro dos Estados Unidos, originou numa drástica queda da sua popularidade.[195]
Nas eleições de 2009, a coligação do Partido Democrático do Japão, do Partido Social Democrata do Japão e do Novo Partido Popular venceu as eleições, sendo que Yukio Hatoyama foi eleito primeiro-ministro e sucessor de Tarō Asō,[203] pondo fim a mais de 50 anos de domínio hegemónico do Partido Liberal Democrático.[204] Não obstante, o governo de Hatoyama foi breve, com uma duração de oito meses depois deste reafirmar a presença do exército dos EUA em Okinawa, apesar da população japonesa rejeitar. Isto originou uma fractura na aliança do governo e na posterior demissão de Hatoyama a junho de 2010.[205][206][207] Este foi substituído por Naoto Kan, também do Partido Democrático, que se assumiu como primeiro-ministro a 8 de junho.[208] Kan seria substituído por Yoshihiko Noda, outro dirigente do Partido Democrático, a setembro de 2011.[209]
Atualmente o Japão possui a terceira maior economia do mundo desde 2009 (atrás da China, que ocupa o segundo lugar depois dos Estados Unidos), onde a sua taxa de desemprego seja de 5,7%, a mais alta de sempre desde a Segunda Guerra Mundial.[210]

Sismo e tsunami de 2011 e acidente nuclear em Fukushima

Vista aérea do desastre causado pelo sismo.
Numa sexta-feira a 11 de março de 2011 às 14:46 horas (horário do Japão) ocorreu um sismo de 9.0[211] na escala de Richter que originou uma série de ondas tsunami com altura máxima de 40,5 metros.[212] O epicentro do terror deu-se no mar, frente à costa de Honshu, a 130 km a leste de Sendai na província de Miyagi. A magnitude de 9.0 converteu o sismo no mais poderoso já alguma vez registado no país[212] e o quarto mais poderoso do mundo de todos os sismo medidos até à data.[213][214]
A Agência da Polícia Nacional japonesa 15 845 mortes,[215][216] 380 pessoas desaparecidas[215][216] e 5 893 feridos[215][217] em 18 prefeituras do Japão.[217][218] O Ministério dos Assuntos Exteriores do Japão confirmou a morte de dezanove estrangeiros de nacionalidade americana, canadense, chinesa, coreana (do Norte e do Sul), paquistanesa e filipina. A agência de polícia afirmou que a 3 de abril de 2011, cerca 45 700 prédios foram destruídos e 144 300 foram danificados pelo tsunami e pelo sismo. Danos em edifícios abrangeram 29 500 estruturas em Miyagi, 12 500 em Iwate e 2 400 em Fukushima.[219] Trezentos hospitais de Tohoku foram danificados pelo desastre, onze dos quais foram completamente destruídos.[220] Foi declarado um estado de emergência na Central Nuclear de Fukushima I da empresa The Tokyo Electric Power Company por causa da falha dos sistemas de refrigeração dos reatores. Foram registados níveis de radiação oito vezes mais elevada do que o normal,[221][222] existindo a possibilidade de uma fusão do núcleo.

Governo na história do Japão

Imperadores

Emblema da flor de crisântemo, selo imperial do Japão.
Do ponto de vista mitológico do xintoísmo, segundo o Kojiki e o Nihonshoki, o Japão possui origem divina por ter sido fundado pelo imperador Jimmu, ancestral directo da deusa do sol Amaterasu, no século VII a.C. Jimmu é considerado o primeiro imperador da história.[223]
Apesar destes mitos não serem aceitos como fontes históricas, é normalmente considerada a teoria de que os imperadores ou tennō (天皇? lit. "Soberano celestial”")[224] terem reinado à mais de 1 500 anos uma vez que todos eles foram descendentes da família imperial.[223]
Apesar da longa tradição, o poder real exercido pelos imperadores tem sido simbólico e restringido durante a maior parte da história, enquanto que os verdadeiros governantes (como os regentes Fujiwara e Hōjō e outros shogun) respeitavam o poder dos imperadores procurando legitimar o seu governo. O actual imperador é Akihito, a quem será atribuído o nome "Heisei" depois o seu falecimento, sendo o 125º da lista histórica de imperadores do Japão. [223]

 Shoguns

Durante o século XII até 1868 [225] o shōgun era elegido governante de facto de todo o país, embora teoricamente o imperador fosse o legítimo governante este depositava a autoridade no shōgun para governar em seu nome.[226] Durante este período, o imperador viu-se obrigado a delegar por completo qualquer autoridade civil, militar, diplomática e judicial que possuísse tal título, dedicando-se exclusivamente à tarefa de servir como "supremo sacerdote" da religião oficial do país, o Xintoísmo.[227]
Durante a década de 1850 e 1860, o shogunato foi severamente deprimido tanto no exterior, pelas potências estrangeiras, como pelo interior. Foi então que diversos grupos insatisfeitos com o shogunato, pelas concessões feitas a vários países europeus, encontraram na figura do imperador um aliado mediante o qual podiam expulsar o shogunato Tokugawa do poder. O lema do referente movimento foi sonnō jōi (尊王攘夷? ”Reverenciar o Imperador, expulsar os bárbaros”) tendo por fim sucesso em 1868, quando o poder imperial foi restabelecido depois de séculos na sombra da vida política do país.[228] Assim, o shogunato foi abolido.

 Primeiro Ministros

No sistema político japonês, o poder executivo é investido no conselho de ministros, cujo o administrador é o primeiro-ministro, responsável pela nomeação e distribuição dos membros do conselho. O primeiro-ministro neste país é escolhido pelo partido político que obtiver a maioria dos assentos da Dieta (a Câmara dos Representantes e Câmara dos Conselheiros) sendo normalmente o presidente do partido.[229] Desde a sua formação em 1955, o Partido Liberal Democrata do Japão de carácter conservacionista, manteve-se quase ininterruptamente no poder, com excepção de curtos períodos em que se mantinha ausente.[229] Em dezembro de 2012, foi eleito primeiro-ministro Shinzō Abe, do conservador Partido Liberal Democrata, sendo o 96º primeiro-ministro na história do país. [230]