quarta-feira, 4 de maio de 2011

A arquitetura de adobe na Mesopotâmia

A arquitetura de adobe na Mesopotâmia
Civilização assentada em uma zona pantanosa entre os rios Tigre e Eufrates, suas primeiras habitações devem ter sido choças de juncos (planta pantanosa de regiões temperadas, caule cilíndrico, delgado e flexível), com esteiras para tapar buracos e para impermeabilização utilizavam substâncias betuminosas. Os povos mesopotâmicos também foram célebres trabalhadores de blocos de argila: adobes. A argila era encontrada em abundância para a fabricação de tijolos. Os adobes eram blocos prismáticos de barro seco ao sol de uns 35cm de comprimento. Era costume dispô-los ainda úmidos, de forma que, ao secarem, constituíssem blocos compactados. Por vezes, as paredes reforçavam-se com encadeados de madeira e tijolo. A partir do IV milênio costumava-se esmaltar a face externa dos tijolos para preservar as paredes de umidade. Raras vezes se utiliza a argamassa de cal para a fixação ou o betume. A escassez e a má qualidade da pedra que se tinha determinaram a sua pouca utilização como material de construção. A pedra e a madeira precisavam ser importadas.
As cidades eram planejadas com uma planta quadrada, e possuíam muralhas defensivas, resultado da necessidade e se evitar invasões e dominações por outros povos. As muralhas eram construídas com barro cru com 6 metros de espessura, estucadas e decoradas com cenas das vidas dos Reis. ZIGURATE: monumento sagrado. Eles dominavam a técnica dos tijolos esmaltados e relevos.
Os tijolos eram usados, na maioria das vezes, crus e de preferência úmidos, o que dava ao conjunto a solidez e aparência de um monobloco de argila. Era comum usar os tijolos crus servindo como embasamento (miolo) para depois ser revestido com tijolos cozidos. O betume, farto na Babilônia, também serviu como argamassa para os tijolos e para a impermeabilização das galerias de escoamento de águas pluviais; eram grandes mestres de drenagem. Com a intenção de manter tanto os cadáveres como os utensílios secos e conservados, instalaram tubos e manilhas, com forma de um hiperbolóide de revolução para aumentar a sua resistência. Na parte superior eram constituídos de calotas esféricas sobrepostas e perfuradas.
A pedra foi sempre para os povos antigos um material de luxo, que reservavam para a escultura, quer livre, quer incorporada à decoração arquitetônica. As paredes se levantavam sobre fundações de escassa profundidade. A espessura era variável. É muito característica a decoração das paredes com mosaicos, que são também usados para decorar o fuste dos pilares. Como suporte empregou-se a madeira (na maioria originária das palmeiras ou cedro) e mais tarde os pilares de tijolos. A madeira devia ser transportada e, tal como no Egito, era escassa; por isso foi raramente empregada nas construções.
As abóbadas: os babilônios foram verdadeiros mestres na construção das abóbadas. Com o objetivo de se reduzir os vãos a se vencer com a cobertura, existia a preocupação de ir se reduzindo a largura das galerias. Abobadas de berço: as paredes vão se aproximando aos poucos até restringir-se a uma linha, uma seqüência de tijolos chamados chaves de abóbada. Em todos os palácios haviam galerias de descarga de águas pluviais, cobertas por abóbadas de berço.
Segundo escavações, a construção dos templos remonta o IV milênio a.C. O modelo do templo é uma edificação quadrada formada por uma nave com câmaras laterais e capelas na cabeceira. A entrada na lateral impede que a imagem seja vista a partir da porta: sistema em cotovelo.
A idéia do recinto sagrado se desenvolve a partir do III milênio: o templo situado numa esplanada a que se acede por uma escadaria. Esse templo era denominado zigurate, uma pirâmide escalonada de vários pisos, que mantém um certo paralelismo com os teocalli mexicanos. A construção desse tipo de edificação também se faz pelo processo de empilhamento de pedra, muita das vezes feita sem a utilização de argamassa. Eram normalmente de planta retangular, com esplanadas superiores acessadas por conjuntos de escadas, com as paredes revestidas com tijolos coloridos e fortalecido com contra-fortes. Nas tumbas reais eram realizadas escavações de uma fossa profunda, em cujo fundo se fizeram as câmaras funerárias, com abobadas e cúpula, cobrindo-se com terra. Os primeiros agrupamentos das habitações sumérias formaram-se com casas organizadas como recintos retangulares, sem mais abertura do que a porta que dava para o pátio, centro da casa. Eram construções de adobe, às vezes reforçado com canas. Nestas construções, as canas - que foram o material estrutural utilizada primitivamente - curvaram-se para amarrá-las aos postes centrais, para os extremos adquirirem forma de voluta.
Os palácios: alguns deles, como o de Mesalim de Kish, constituíam uma verdadeira cidade. Era formado por dois corpos independentes de estreita planta retangular, coroados por amplas esplanadas em que se dispunham jardins, o que garantia certo grau de umidade, benéfico para melhorar a conservação dos adobes. Compreendia vários pátios com dependências anexas, para além de templos com zigurates. O habitual era que o palácio, como o santuário, constituísse um núcleo independente do casario, isolando-se dele por uma alta muralha. Esta organização passará ao mundo assírio e mais tarde ao bizantino e ao islâmico, mantendo-se o conceito de pequena cidade dominando a grande.
Nota-se um funcionalismo muito acentuado, sem a menor preocupação com a simetria. Os corredores tortuosos e a disposição confusa sempre indicam uma preocupação com ataques surpresa; defesa da casa e do proprietário.
PÉRSIA (Planalto do Iran): Ocupou um local abundante em pedra: o mármore de várias colorações. Utilizavam alvenaria de tijolos e pedra, coberturas em madeira (que vinham dos montes do Líbano através dos desertos da Síria, arrastados pelas planícies da Mesopotâmia em dezenas de carros). A pedra e o mármore eram utilizados nas colunas (tambores). A alvenaria de pedra possuía grandes peças com mais de 4 metros de comprimento, unidas uma à outra com grampos de ferro cravados e envoltos com chumbo. O emprego da abóbada e da cúpula pelos persas, estendeu-as até Constantinopla (Istambul) e fez surgir a estruturação da arquitetura bizantina. Os persas não tinham conhecimento da abóbada de arestas. Utilizavam a construção da cúpula esférica para os edifícios de planta octogonal.

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