segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO JAPÃO Período Azuchi-Momoyama

Período Azuchi-Momoyama
 
 
Em 1573 Oda Nobunaga (1534 - 1582) marchou em direção a Kyoto para derrotar o shogun Ashikaga Yoshiaki. Este acontecimento marcou o início do que é denominado de período Azuchi-Momoyama (安土桃山時代, Azuchi Momoyama jidai?), o qual recebeu o nome de dois emblemáticos castelos da época, nomeadamente os castelos Azuchi-jō e Fushimi-Momoyama. Um semana depois, após conseguir a retirada do shogun Yoshiaki, Oda Nobunaga convenceu o imperador a alterar o nome da era para Tenshō enquanto símbolo do estabelecimento de um novo sistema político. Da mesma forma, o imperador concedeu o título de Udaijin (太政大臣? lit. "Grande ministro do estado") tendo assim permanecido por quatro anos.[78]

Oda Nobunaga

Oda Nobunaga depôs ao shogun Ashikaga Yoshiaki terminando assim o shogunato Ashikaga.
Nobunaga nasceu em 1534 na província de Owari e até 1560 havia sido um daimyo secundário. Em 1560, Nobunaga alcançou fama e reconhecimento ao vencer o vasto exército de Imagawa Yoshimoto durante a batalha de Okehazama. Depois de colaborar com a ascensão de Yoshiaki ao poder, Nobunaga lançou uma campanha com o propósito de tomar o controlo da parte central do país. Em 1570 derrotou os clãs Azai e Asakura durante a batalha de Anegawa e em 1575 derrotou a lendária cavalaria do clã Takeda na batalha de Nagashino. Outros dos seus principais inimigos foram os monges guerreiros Ikko-ikki, membros da seita budista de Jōdo-Shinshu. Uma rivalidade que perdurou durante doze anos, dez dos quais persistiu o mais duradouro cerco da história, o cerco da fortaleza Ishiyama Hongan-ji.[79]
Em 1576, Nobunaga mandou construir o castelo de Azuchi, o qual se veio a tornar num seu local de operações militares. Em 1582 Oda dominava quase toda a parte central do Japão e suas principais vias, entre as quais as estradas Tōkaidō e Nakasendo. Assim, decidido a estender o seu domínio territorial para oeste dois dos seus principais generais ficaram encarregues de completar a tarefa; enquanto que Toyotomi Hideyoshi pacificaria a parte sul da costa oeste do Mar Interior de Seto, em Honshu, Akechi Mitsuhide marchou para o litoral norte do Mar do Japão. Durante o verão do mesmo ano, Hideyoshi encontrava-se detido no cerco do castelo de Takamatsu, controlado pelo clã Mōri. Respondendo à solicitação, Nobunaga ordenou que Mitsuhide avançasse com o seu exército para apoiar Hideyoshi. Contudo, contrariamente acordo inicial, Nobunaga permaneceu no templo Honnō-ji para sua própria segurança. Ocorrente da situação Mitsuhide, decide então regressar a Kyoto para atacar e incendiar o templo no que ficou conhecido como o Incidente de Honnō-ji. Como resultado, Nobunaga acabou por cometer seppuku.[80]

Toyotomi Hideyoshi

Retrato de Toyotomi Hideyoshi.
Toyotomi Hideyoshi (1536 - 1598)[80], teve um importante papel político e militar no Japão. Distinto pela sua destreza no campo de batalha, Hideyoshi acabou por se tornar num dos principais generais do clã Oda.[81]
Durante o "incidente de Honnō-ji", Hideyoshi encontrava-se no castelo Takamatsu quando depressa recebeu a notícia da morte do seu mestre. Então, realizou imediatamente uma trégua com o clã Mori e regressou a Kyoto numa marcha forçada para defrontar o exército do recém autonomeado shogun Akechi Mitsuhide. O confronto ocorreu nas margens do rio Yodo, perto do pequeno povoado designado Yamazaki, onde a batalha recebeu o seu nome. Hideyoshi saiu vitorioso e Mitsuhide foi obrigado a partir em retirada, porém acabou por ser assassinado por um grupo de camponeses pondo fim ao seu governo de apenas 13 dias.[81]
O facto de ter vingado a morte do seu antigo mestre, concedeu-lhe a previsível oportunidade de se tornar a mais alta autoridade militar do país. Derrotou e enfrentou todos os rivais que contra ele se opuseram, por cerca de dois anos. Em 1585, e depois de ter garantido o controlo sobre o centro do país, dirigiu-se para oeste, conquistando territórios para além do escopo que Nobunaga havia conseguido.[82] Em 1591, depois de unificar o Japão, Hideyoshi tentou conquistar a China.[83] Para isso, o regente solicitou o apoio da dinastia Joseon da Coreia para que garantisse uma passagem segura até à China contudo o governo coreano havia negado tal assistência. A Coreia foi então palco de duas das invasões massivas por parte das tropas japonesas entre 1592 e 1598, originando na morte de Hideyoshi, que durante todo esse tempo havia permanecido no Japão.[83]
Uma vez que Hideyoshi não possuía descendência real e nem sequer provinha de qualquer um dos históricos clãs japoneses, não lhe foi nunca concedido o título de shogun. Em compensação, recebeu uma designação de menor importância em 1595, nomeadamente a de Kanpaku (関白? regente) e posteriormente a de Daijō Daijin (太政大臣?) em 1586. Finalmente adoptou o título de Taikō (太閤? "Kanpaku retirado").[84]

[editar] Tokugawa leyasu

Retrato de Tokugawa Ieyasu.
Tokugawa Ieyasu (1542-1616)[85] passou a maior parte da sua infância como refém na corte de Imagawa Yoshimoto, uma vez que o seu clã era feudatário dos Imagawa. Após a vitória de Oda Nobunaga sobre Yoshimoto, inúmeros daimyo retiraram-se do país e outros tornaram-se independentes ou declararam-se aliados do clã Oda, como o ocorrido com o próprio Ieyasu.[86]
Sob as ordens de Nobunaga em 1564, leyasu combateu contra os Ikko-Ikki da província de Mikawa. Em 1570 lutou na batalha de Anegawa ao lado das forças de Nobunaga.[86] Em 1572 foi obrigado a participar na batalha de Mikatagahara - um dos seus maiores desafios da sua vida militar - onde o seu exército foi derrotado pela cavalaria de Takeda Shingen - este que viria a morrer no ano seguinte depois de sofrer um tiro de uma arcabuz.[86] Em 1575, Tokugawa Ieyasu esteve presente na batalha de Nagashino onde o clã Takeda foi derrotado e desde então, concentrou-se somente numa consolidação da sua posição militar, mesmo depois de Toyotomi Hideyoshi adquirir o controle do país.[87]
Uma vez que o feudo de Ieyasu se situava no centro do país, este evitou assistir a campanhas de pacificação em Shikoku e Kyūshū, porém foi forçado a enfrentar o clã Hōjō tardio (後北条氏 Go-Hōjō-shi?) no cerco de Odawara.[88] Devido à vitória sobre os Hōjō, Hideyoshi concedeu-lhe as terras penhoradas, transferindo a capital para Edo actual Tóquio).[88] A sua nova localização em Kyūshū, possibilitou-o antes demais, de evitar participar nas invasões japonesas na Coreia, guerra esta que exauriu significativamente os exércitos dos seus principais rivais.[88]
 Batalha de Sekigahara
Após a morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu começou a estabelecer uma série de alianças com importantes figuras do país através de casamentos combinados. Contudo, Ishida Mitsunari, um dos cinco bugyō (奉行? magistrado), começou a desenvolver alianças contra Ieyasu.[89]
A 22 de agosto de 1599, enquanto Ieyasu se preparava para enfrentar o clã de um rebelde daimyo chamado Uesugi Kagekatsu, Mitsunari decidiu agir sob a ajuda de vários apoiantes, incluindo outros bugyō e três dos quatro tairō (大老? lit. "Grande ancião"). Assim, haviam criado uma suposta conspiração contra Ieyasu para o assassinarem, acusando-o de 13 distintas funções ilegais e condenáveis.[90] Entre as acusações destacam-se acções ilícitas dando em matrimónio filhos e filhas com poder político. Ieyasu foi inclusivamente incriminado de ter tomado posse do castelo de Osaka, antiga residência de Hideyoshi, como se a ele pertencesse.[91] Enviada uma carta a Ieyasu, este interpretou-a como uma declaração de guerra. Praticamente todos os daimyo do país se alistaram para o confronto, tanto no "Exército do Oeste" de Mitsunari como no "Exército do Leste" de Ieyasu.[91]
Os dois exércitos enfrentaram-se naquela que é conhecida a Batalha de Sekigahara (関ヶ原の戦い Sekigahara no tatakai?), que teve lugar na vila Sekigahara (da província de Gifu) a 21 de outubro (15 de setembro) no antigo calendário chinês.[92] Ieyasu saiu vitorioso depois de vários generais do "Exército do Leste" decidirem mudar de lado no decorrer do conflito. Ishida Mitsunari foi forçado a fugir, no entanto acabou por ser capturado e decapitado em Kyoto.[93] Com esta vitória, Ieyasu tornou-se a maior figura política e militar do país.
Vitória de Ieyasu durante a Batalha de Sekigahara dando início ao shogunato Tokugawa, que permaneceu mais de 250 anos no poder.

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