Sociedade e política
Com o shogunato, Tokugawa estabeleceu uma estrutura de poder equilibrado, conhecido como Bakuhan (o shogunato e os feudos), em que o referente regime governava diretamente a cidade de Edo (sede do governo militar), enquanto que os daimyos governavam os seus feudos.[107] Depois da pacificação, vários samurais haviam perdido os seus bens essenciais e suas terras, reflectindo num reduzido número de daimyos (cerca de 260 até ao séc. XVIII), pois as escolhas eram bastante limitadas; ou deixavam suas espadas tornando-se agricultores, ou se tornavam vassalos de um daimyo ou de um shogun (hatamoto). Os daimyos foram também parcialmente controlados pelo shogunato aquando imposta a política Sankin-kōtai (1635-1862), em que as famílias dos daimyos eram obrigadas a viver na cidade de Edo, enquanto que estes estariam submetidos ao dever de alternar as suas residências anualmente entre Edo e o seu feudo, causando custos adicionais para manter duas habitações e compensando distâncias significantes entre estas. Assim, os daimyo estavam limitados no poder económico e militar evitando-se assim qualquer tentativa de revolta contra o shogunato.[108]
Além dos membros do bakuhan, o imperador e os cortesãos (kuge) tiveram também uma posição privilegiada. Abaixo destes encontravam-se as "quatro classes sociais" (身分制 mibunsei?), onde população estava dividida, ou seja, os samurais no topo da tabela (com cerca de 5% da população), depois os agricultores (com cerca de 80%), seguindo-se os artesãos e por último os comerciantes. Os agricultores eram forçados a viver nos campos, enquanto que os samurais, os artesãos e os comerciantes viviam nas cidades (jōkamachi) que se situavam ao redor do castelo do daimyo, estando subordinados ao seu feudo. À parte deste sistema existia ainda os eta e os hinin, que eram vistos como os Dalit (os "intocáveis" ou "impuros").
Cultura
O Japão foi parcialmente influenciado pelas técnicas e ciências ocidentais de rangaku (蘭学? "aprendizagem holandesa") a partir de fontes bibliográficas que os holandeses deixaram na ilha de Dejima. Os campos de estudo envolviam a medicina, geografia, astronomia, arte, ciência, línguas, física e mecânica. Durante o governo do shogun Tokugawa Yoshimune em 1720, houve uma proeminente flexibilização na introdução de livros estrangeiros no país, o que proporcionou a tradução destes para a língua japonesa, levando consequentemente ao aumento adicional desta área de estudo. No início do século XIX existiu uma proeminente troca cultural entre o Japão e a Holanda. Um exemplo encontrasse num facto conhecido em que o Dr. Philipp Franz von Siebold havia ensinado medicina ocidental pela primeira vez em 1824 a estudantes japoneses, com permissão do shogunato.[109] Contudo, o shogunato decidiu reverter o seu apoio aos estudos ocidentais (rangaku) em 1839, ao promulgar o decreto de lei bansha no goku. Isto provocou a repressão de vários estudiosos que questionavam os efeitos do sakoku e do edital de repulsão de embarcações estrangeiras em 1825. No entanto, estes editais expiraram em 1842 e o rangaku passou a ser ensinado novamente, até se tornar obsoleto com a abolição do sakoku uma década depois.
Nesta época, o neoconfucionismo tornou-se o principal movimento intelectual tendo sido adoptado pelo shogunato. Esta filosofia exerceu uma maior atenção na vida secular do homem e da sociedade, tendo como resultado um pensamento racionalista e humanista. Em meados do século XVII este sistema filosófico chinês tornar-se-ia na principal corrente filosófica, estabelecendo bases nas escolas kokugaku (国学? "aprendizagem nacional") que rejeitavam o estudo de textos budistas e chineses, favorecendo antes a investigação filosófica dos clássicos japoneses.
Com a expansão do neoconfucionismo a classe samurai mostrou um maior interesse na história japonesa e no cultivo das artes, dando origem ao bushido (caminho do guerreiro). Houve também um florescimento cultural da classe trabalhadora, através do chōnindō, onde a educação, a alfabetização e o estudo da aritmética se estendeu para a população em geral.[101]
Uma das consequências deste estilo de vida mais culto foi o surgimento do ukiyo (浮世? "mundo flutuante"), um estilo de vida adoptado pela classe média que valorizava a diversão e o entretenimento como meios pelos quais se alcança o prazer e o bem-estar, o qual produziu um florescimento cultural na era Genroku (1688 - 1704 conhecida também como cultura Genroku): o bunraku , o kabuki , a gueixa , a cerimónia do chá, a música, a poesia e a literatura converteram-se numa parte desse mundo, originando também nas representações artísticas como o ukiyo-e. O ukiyo-e teve início no século XVII por Hozumi Harunobu, e teve como principais representantes Kitagawa Utamaro e Torii Kiyonaga conseguindo o seu esplendor com pintores como Utagawa Hiroshige e Katsushika Hokusai na primeira metade no século XIX.
Entre os principais expoentes da literatura deste período encontram-se o dramaturgo Chikamatsu Monzaemon e a poeta Matsuo Bashō quem escreveu a poesia haiku durante a sua viagem a diversos locais no Japão em finais do século XVII.
Início do declive
No século XVIII, o tráfego de mercadorias teve um significativo aumento nas zonas urbanas e rurais. Isto apresentou como consequência o facto de que o shogunato e os daimyo acondicionassem numa situação desfavorável em que os impostos de renda, baseados na produção de arroz, foram-se tornando insuficientes para cobrir as despesas em constante acréscimo a cada ano. Assim o aumento dos impostos foi a solução adotada pelo shogunato, contudo as rebeliões tornaram-se veementes por parte da classe agrária, adicionadas ao surgimento de inúmeras fomes e desastres naturais que assolaram o país, como são exemplo o Grande incêndio de Meireiki de 1657, o terremoto de Genroku de 1703 e a erupção do Monte Fuji em 1707 que provocaram milhares de mortes.[101] Com isto, o shogunato desenvolveu várias reformas, a fim de conter a queda da governação do país, entre as quais as reformas Kyoto (1717—1744) que visaram solvência financeira do governo; as reformas Kansei (1787—1793) que solucionaram vários problemas sociais provocados pela grande fome de Tenmei, ocorrida entre 1782 e 1788, revertendo algumas decisões do governo; as [[reformas Tenpo (1830—1842) que se destinaram ao controle do caos social causado pela grande fome de Tenpo, em que a imigração a Edo foi proibida, tal como o método rangaku e a formação de sociedades, sendo que o alcance dessas reformas se estendeu a nível militar, religioso, financeiro e agrícola;[110] e por fim, as reformas Keio (1866—1867), que foram projectadas com o objetivo que conter a crescente rebelião que existia nos domínios de Satsuma e Chōshū, sem sucesso algum.
Apesar do governo intentar conter os problemas, estes tornaram-se cada vez mais evidentes, com o desejo do povo pela transformação ante a inação do shogunato.[101] Um destes casos veio a evidenciar-se quando o samurai Ōshio Heihachirō, um oficial do shogunato em Osaka, pediu aos seus superiores que apoiassem as vítimas de fome durante a grande fome de Tenpo. Dada a recusa destes, Heihachirō vendeu seus livros com o nobre propósito de ajudar as pessoas, e seguindo os preceitos neoconfucionistas, acusou o shogunato de corrupção. Heihachirō criou um exército com agricultores, estudantes neoconfucionistas e outros plebeus, suscitando subsequentemente uma rebelião em 1837, que destruiu parte da cidade antes das tropas do governo se terem antecipado do ataque. O samurai cometeu seppuku foi capturado.
Em paralelo com o que se sucedia dentro do Japão, alguns países estrangeiros começaram a pressionar o shogunato a abandonar a política de relações internacionais, sakoku.[111] Em finais do século XVIII, vários exploradores russos chegaram às ilhas Curilas e a Hakkaido (Pavel Lebedev-Lastochkin em 1778 e Adam Laxman em 1792) com o objectivo de desobstruir o comércio com o Japão. Tarefa esta sem sucesso por Nikolai Rezanov em 1804, assim que o Império Russo enfrentasse o shogunato na disputa sobre as ilhas de Sacalina e Kuriles na primeira metade do século XIX.
Em 1808, a fragata britânica HMS Phaeton entrou no porto de Nagasaki, comprometendo as autoridades de Dejima e do shogunato ao exigir forçosamente suprimentos com a ameaça de disparos de canhão sobre as embarcações japonesas e chinesas lá presentes. O Nagasaki bugyō (oficial do shogunato da cidade, Matsudaira Yashuide), solicitou inicialmente reforços, contudo após a demora destes, acabou por concordar com as exigências impostas pelos ingleses. Após o incidente, Yasuhide cometeu seppuku alertando as autoridades do shogunato sobre a presença de barcos estrangeiros, o que incentivou ao "édito de repulsão de embarcações estrangeiras" criado em 1825.
O incidente de Morrison de 1837, onde um navio mercante dos Estados Unidos liderado por Charles W. King que para além de intenções comerciais, tencionava entregar náufragos japoneses que haviam sido encontrados em Macau, foi bombardeado pelos japoneses, no âmbito do "édito de repulsão de embarcações estrangeiras".[112] Esta situação dramática, juntamente com a derrota do Império Chinês na Guerra do Ópio, em 1842, marcou um ponto de viragem na situação internacional do Extremo Oriente, pondo em causa a política de privacidade do shogunato, o que resultou na abolição do édito de repulsão de navios estrangeiros em 1842 assim como na moratória sobre as execuções de estrangeiros que chegavam ao país e no promover suprimentos para os seus navios. Com isto, os baleeiros de Inglaterra, Estados Unidos e outros países passaram a aportar na costa do Japão para se abastecerem de água e comida.[111] Apesar desta abolição das regras não apresentar fins comerciais, alguns países insistiram em abrir o comércio do país. Em 1846, o comandante americano James Biddle, que assumiu o primeiro tratado entre os EUA e a China, tentou, sem sucesso, abrir o comércio com o Japão, contudo em 1848 o capitão James Glynn conseguiu a primeira negociação bem-sucedida com o shogunato, tendo sido a primeira pessoa que recomendou o Congresso dos Estados Unidos em negociações com o Japão.
[editar] Bakumatsu e Restauração Meiji
Ver artigos principais: Bakumatsu e Restauração Meiji
Apesar do sistema político estabelecido por Ieyasu e aperfeiçoado pelos seus sucessores (Tokugawa Hidetada e Iemitsu Tokugawa), este permaneceu praticamente intacto até meados do século XIX. Distintas alterações políticas, sociais e económicas abrangeram o ineficiente governo Tokugawa, levando posteriormente ao seu colapso.[106] A partir de meados do século XVIII o shogunato e os daimyos sofreram sérias dificuldades financeiras devido à riqueza da sociedade comerciante das zonas urbanas do Japão. O crescente descontentamento entre os fazendeiros e os samurais motivaram o governo à tentativa de solucionar a grave situação do país através de diversas medidas, das quais nenhuma surtiu efeito. Concomitantemente com as questões internas, a situação do país piorou justo às distintas pressões por parte de potências estrangeiras que pressionaram o governo a abrir o país para o comércio internacional. Este período, entre 1853 e 1867, ficou conhecido como bakumatsu (幕末?).[106]
Abertura do Japão ao Ocidente
Em julho de 1853 o comodoro estadunidense Matthew Calbraith Perry chegou à baía de Tóquio com uma frota de navios conhecidos pelos japoneses como os "Barcos Negros" (黒船 kurofune?), e exigiu ao Japão que quebrasse o isolamento num prazo de um ano, com a ameaça de que, caso o Japão recusasse o seu pedido, Edo seria atacado pelos sofisticados canhões Paixhans que armavam as suas embarcações.[111][113][114][115][116] Apesar da precaução por parte dos japoneses contra o retorno dos americanos - tendo inclusivamente sido criadas as ilhas-fortalezas de Odaiba, assim como construído o navio Shōhei Maru segundo textos do rangaku e também criado um forno para a produção de canhões -, quando a frota de Perry regressou em 1854, esta não se deparou com a esperada resistência do oficial do shogunato, Abe Masahiro. Sem qualquer tipo de experiência quanto à segurança nacional e incapaz de chegar a um consenso entre as várias facções (Corte Imperial, shogunato e daimyos) Abe Masahiro acabou por aceitar unilateralmente as exigências impostas por Perry e permitir a abertura de vários portos, assim como comissionamento de um embaixador dos Estados Unidos no Japão, com o tratado de Kanagawa de março de 1854, pondo fim à política formal do sakoku que governou o Japão por mais de dois séculos. Apesar do shogunato estar relutante em assimilar relações com potências estrangeiras, o comércio foi por fim consentido, após serem assinados uma série de tratados conhecidos como "Tratados desiguais", (entre os quais o Tratado de amizade anglo-japonesa, o Tratado Harris e Tratado de amizade e comércio anglo-japonesa) durante a convenção de Kanagawa. Porém, tudo isto sem o consentimento da casa imperial, que gerou algum desequilíbrio na relação entre ambos[106]
A decisão de Abe prejudicou significativamente a estabilidade do shogunato, apesar da tentativa de ajuda militar por parte dos países baixos e da procura sobre um consenso entre os shinpan e tozama daimyo, isto abespinhou os fudai daimyo que possuíam os mais altos cargos políticos. Assim, o oficial Abe Masahiro foi substituído por Hotta Masayoshi. Contudo, alguns oficiais como Tokugawa Nariaki, seguidor da escola Mito, fundada sob os ideais do neoconfucionismo e do kokugaku, opuseram-se contra a presença estrangeira, apelando à reverência do imperador e consideraram então que o shogunato Tokugawa não era já uma instituição confiável. Este pensamento nacionalista ficou conhecido como o lema sonnō jōi (尊王攘夷? "reverenciar o imperador, expulsar os bárbaros"), proposto pelo pensador Aizawa Seishisai da escola Mito, num livro publicado em 1825.
Hotta procurou apoio da Corte Imperial para a ratificação dos novos tratados, sem sucesso. Isto provocou uma crise política entre o shogunato e a Corte. Em 1858, a situação piorou com a morte do shogun Tokugawa Iesada que não havia deixado herdeiro algum com seu sucessor. Naraki, juntamente com os shinpan e os tozama daimyo, apoiaram Tokugawa Yoshinobu,[117] enquanto que os fudai daimyo apoiaram Tokugawa Iemochi, conseguindo por fim a aprovação deste último pela Corte Imperial. O líder da facção Ii Naosuke tornou-se tairō[118] tendo sido o arquitecto de um expurgo de importantes membros da oposição à assinatura dos tratados. Este evento, conhecido como a purga Ansei, colocou sob prisão domiciliar Nariaki, Yoshinobu, vários membros do shogunato e inúmeros han incluindo Yoshida Shōin, um intelectual do sonnō jōi.[119] Em 1858, foram assinados cinco tratados comerciais designados de Tratados Ansei, permitindo, em 1859, a abertura dos portos de Nagasaki, Hakodate e Yokohama. No entanto, isto causou um crescente atrito entre os estrangeiros e os samurais agravando ainda mais a situação ao ponto de serem regularmente assassinados tanto estrangeiros como colaboradores japoneses.[120] Ii Naosuke foi morto em março de 1860, durante o Incidente de Sakuradamon pondo fim ao expurgo. Tanto o ataque em 1861 à embaixada britânica em Edo como o incidente de Nanamugi em 1862, foram justificados às potências ocidentais como se não passassem de intervenções militares contra os samurais. Em março de 1663, o Imperador Komei rompeu o papel cerimonial que os imperadores tiveram por vários séculos ingressando ao cenário político ao emitir a ordem de expurgo dos bárbaros (攘夷実行の勅命 jōi jikkō no chokumei?). O domínio Chōshū obedeceu à ordem e decidiu atacar os navios estrangeiros no estreito de Shimonoseki.[121] Outros domínios como o Satsuma e Tosa, contrários ao shogunato, decidiram aliar-se seguindo o edital.
Dado que o shogunato foi incapaz de controlar tais incidentes, países estrangeiros (como Estados Unidos, Reino Unido, França e Países Baixos) tomaram a iniciativa com represálias contra o movimento nacionalista. Em 16 de julho de 1863, teve ocorrência a batalha de Shimonoseki entre os EUA e o domínio de Chōshū. Quatro dias depois, França bombardeou Shimonoseki tendo sido seguidamente bombardeada pelos aliados da coligação a 5 e 6 de setembro de 1864, resultando na derrota iminente de Chōshū. Em agosto de 1863, o Reino Unido bombardeou Kagoshima causando a derrota do domínio de Satsuma. Entre maio de 1864 e janeiro de 1865 o shogunato combateu contra os samurais e seguidores do sonnō jōi na rebelião de Mito na qual o shogunato saiu vitorioso. Durante a [[rebelião Hamaguri, a 20 de agosto de 1864, defensores do sonnō jōi e membros do domínio Chōshū tentaram apoderar-se do Palácio Imperial em Kyoto, sem êxito. Em finais de 1864, através dos confrontos, o shogunato havia conseguido neutralizar o movimento xenófobo assim como movimentos nacionalistas como o Ishin Shishi que havia sido brutalmente reprimido.[122] O imperador Kōmei decidiu alterar a sua atitude em não fazer tratados com as potências estrangeiras, sendo que mais tarde, em novembro de 1865, vários navios de guerra aliados foram estacados nos portos de Hyogo e Osaka, em troca de que o imperador deveria ratificar os acordos comerciais com os Estados Unidos.[123] A partir desse momento, a filosofia de "expulsar os bárbaros" perdeu o seu ímpeto visto que era algo irrealizável, especialmente quando as potências ocidentais conseguiram severamente suprimir aqueles que os desafiaram. No entanto, o ónus económico que se impôs sobre o Japão ao ser vencido nestas batalhas (indeminizações, novos tratados, abertura de mais portos e mais privilégios para as potências), demonstrou que a estrutura do shogunato era obsoleta e precisava de um novo tipo de liderança, apresentando como figura máxima o imperador.
- Pintura japonesa que representa os "Barcos Negros" do Comodoro Matthew Perry.
- Cenário da rebelião de Mito (1864).
O crepúsculo do Shogunato
O Chōshū manteve uma posição beligerante frente ao shogunato, pelo que, em junho de 1866, o governo enviou uma expedição punitiva contra o domínio. Esta operação militar não foi bem sucedida pois o domínio Chōshū havia reforçado o seu exército o que impediu a operação acabasse com o domínio feudal. A derrota forçou o shogunato a uma modernização no sistema, com o envio de alguns praças para o estrangeiro, correspondido por França numa missão militar em 1867.[124] Após a morte prematura do Shogun Iemochi em finais de 1867, Tokugawa Yoshinobu sucedeu-o ao fim de tantos anos de espera. Em janeiro de 1867, o imperador Kōmei faleceu sendo sucedido pelo príncipe Mutsuhito, o Imperador Meiji.
Yoshinobu tentou manter aparentemente relações cordiais com o novo imperador, contudo na realidade não existia qualquer conformidade entre ambos os governantes.[125] No entanto, o descontentamento dos daimyos que se encontravam em oposição ao shogunato era veemente, e a 9 de novembro de 1867, o imperador ordenou sigilosamente aos líderes do Chōshū e Satsuma que eliminassem o shogun.[126] Porém, a pedido do daimyo de Tosa, Yoshinobu decidiu voluntariamente entregar a sua autoridade e poder ao imperador, resolvendo convocar uma assembleia geral de daimyos com o propósito de criar um novo governo.[127]
Enquanto a renúncia de Yoshinobu havia originado uma certa instabilidade no governo, o shogunato prevalecia impositivo. O shogunato e, em particular, a família de Tokugawa, prevaleciam enquanto força importante na nova ordem pois mantinham um enorme poder político,[128][129] o que continuaria a ser um aspecto que os mais intransigentes membros de Satsuma e Chōshū consideravam inaceitável.[130] Os resultados foram precipitados, quando a 3 de janeiro de 1868, este último assumiu o controle do palácio imperial de Kioto e, no dia seguinte, fizeram com que o imperador Meiji, de apenas 15 anos de idade, declarasse a restauração do seu poder absoluto, pondo fim ao regime Tokugawa e ao governo dos shoguns no país, que prevaleceram por mais de sete séculos.
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