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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO JAPÃO Período Sengoku (1467-1568)

Período Sengoku (1467-1568)


Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, legendários rivais no período Sengoku. Esta estátua representa o seu encontro durante a Quarta Batalha de Kawanakajima.
 
Após um breve período de relativa estabilidade, desenvolveu-se uma certa abstinência política durante o shogunato de Ashikaga Yoshimasa, neto do famoso Yoshimitsu Ashikaga. Yoshimasa havia-se dedicado a longo prazo às questões artísticas e culturais, pelo que se encontrava completamente ignoto sobre a situação económica e política do país. Com isto, os proprietários aproveitaram-se deste oportuno momento e começaram com uma disputa interna pelo poder e pelas terras, este acontecimento ficou conhecido como a Guerra de Ōnin (応仁の乱 Ōnin no Ran?).[73] De uma disputa entre Hosokawa Katsumoto e Sōzen Yamana, escalou para uma guerra que envolveu todo o país, tal como o shogunato Ashikaga e uma série de daimyo em muitas regiões do Japão. Este período da história que se estabeleceu entre 1467 e 1568, ficou conhecido como o período Sengoku (japonês: 戦国時代, sengoku jidai). É justamente neste clima de instabilidade e inúmeros conflitos que a participação dos samurais foi significativa.
Das figuras mais importantes deste período destacam-se Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, cuja lendária rivalidade serviu de inspiração em várias obras literárias. Os exércitos de Shingen e Kenshin enfrentaram-se nas famosas batalhas de Kawanakajima (1553 - 1564). Apesar da maioria das batalhas não passarem de meras guerrilhas, a quarta batalha de Kawanakajima, que ocorreu em 1561, teve grande importância na aplicação de várias tácticas de combates. Esta batalha resultou em grandes perdas para ambos os lados, como uma percentagem do total das forças, distinguindo-se de qualquer outra batalha no período Sengoku, em que o confronto corpo a corpo entre os dois líderes resultou num desfecho em igualdade de circunstâncias no final do combate.[74]
A guerra derrubou a ordem do estado antigo, assim como o sistema de territórios privados, contudo, esclareceu a capacidade da classe guerreira e camponesa perante tais eventualidades, uma vez que instituíram entidades locais autónomas. Da mesma forma, as cidades que haviam sido edificadas nas principais vias de circulação do Japão passaram a ser administradas por cidadãos armados. Os daimyo que conseguiram agrupar estas localidades autónomas ao seu poder político, obtinham um maior estatuto e poder. Com o surgimento de novos centros políticos e económicos através do país. Esta dinâmica fez com que a sociedade do período Sengoku se tornasse bastante diferente da que anteriormente existia, onde o poder estava antes concentrado apenas na capital do país.[75]
Com estes excessivos confrontos internos pelo desejo de mais poder e mais terras, era só uma questão de tempo até que um poderoso daimyo tentasse alcançar Kyoto, com o objetivo de derrubar o shogun, como aconteceu em 1560. Imagawa Yoshimoto (1519-1560), marchou em direcção à capital acompanhado por um imenso exército com a finalidade de derrubar o então líder.[75] No entanto, ele não contava em enfrentar as tropas de Oda Nobunaga, um daimyo secundário o qual superou Imagawa numa proporção de doze soldados para um. Yoshimoto, confiante do seu poder militar, havia celebrado a vitória antes mesmo da batalha terminar. Oda Nobunaga foi capaz de atacá-lo quando este se encontrava desprevenido durante uma das suas habituais celebrações na Batalha de Okehazama. Enquanto Yoshitomo saia da sua tenda justo à causa da agitação que ocorria no exterior, foi capturado e seguidamente morto nesse mesmo local. Nobunaga passou então de um simples daimyo para uma figura de destaque na conjuntura política e militar do país.[75]

[editar] Desenvolvimento cultural e contacto com o ocidente

Grupo de Nanban portugueses.Biombo de Kano Domi (finais do século XVI).
Apesar do proeminente estado de guerra, o desenvolvimento de vários factores culturais no Japão foram neste período evidentes na arquitetura, pintura, música e poesia. O terceiro shogun Yoshimitsu foi um importante promotor das artes no Japão, aspecto este fulcral que estimulou a origem a cultura Kitayama durante o seu reinado que perdurou entre a segunda metade do século XIV e inícios do século XV. Este período ficou marcado pelo surgimento dos teatros Noh e Kyogen e pela distinta construção do pavilhão do Kinkaku-ji (em japonês 金閣寺, Templo do Pavilhão Dourado).[71][76] Na segunda metade do século XV, o oitavo shogun, Ashikaga Yoshimasa, promoveu a cultura Higashiyama,[77] onde o zen budismo e a estética wabi-sabi haviam influenciado a harmonização cultural entre a corte imperial e a classe samurai, assim como o florescimento de expressões artísticas como a cerimónia do chá (chadō ou sadō), a Ikebana, o Kōdō, o renga entre outras.[76]
Durante a fase final do período de Sengoku deu-se a chegada dos primeiros europeus, oriundos de Portugal, ao Japão. Foi em 1543 quando um navio com portugueses a bordo aportou na costa da ilha de Tanegashima (a sul de Kyushu). As armas de fogo trazidas pelos exploradores portugueses foram as primeiras a serem introduzidas no Japão. Em 1549, o jesuíta espanhol Francisco Xavier chegou a Kyushu e destacou-se como um importante difusor do cristianismo no Japão.[76] Nos anos seguintes, comerciantes portugueses, holandeses, ingleses e espanhóis chegaram ao Japão enquanto missionários jesuítas, franciscanos e dominicanos. Os visitantes europeus denominados de nanban (南蛮 literalmente: "Bárbaros do Sul") desembarcavam na região sul do arquipélago japonês e rapidamente desenvolveram um conceito elementar relativamente aos japoneses considerando-os enquanto sociedade feudal, providos de um grande desenvolvimento urbanístico e uma sofisticada tecnologia pré-industrial no país.
As armas de fogo trazidas pelos portugueses foi uma importante inovação tecnológica e militar que ocorreu neste período. A produção deste tipo de armas começou a ser efectiva em inúmeras áreas do Japão, tendo sido um factor decisivo com a utilização do Arcabuz na batalha de Nagashino em 1575. O cristianismo espalhou-se pelo país muito rapidamente sobretudo a oeste do arquipélago, refletindo-se na conversão religiosa por parte de alguns daimyos da região.[76] No entanto, as autoridades japonesas consideraram o cristianismo como uma eventual ameaça que poderia facilmente desencadear uma possível conquista europeia sobre o Japão. Assim, foi proibida a prática desta doutrina religiosa em toda a nação, recorrendo-se à violência como método exemplar e impiedoso. Isto resultou no corte gradual entre as relações comerciais do Japão com o resto do mundo (excepto com a China e Países Baixos) nos começos do período Edo.

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